Eu era criança e voltava da escola para casa. Junto com colegas, caminhávamos brincando pelas ruas. De repente, caminhões do Exército e tropa de militares tomaram conta das ruas. Me lembro que meu primo (Lino) cumpria o serviço militar. Fiquei assustada quando ele chegou peto de mim, armado com um fuzil, me pegou pela mão e me deixou na esquina de casa.
Era o dia 31 de março de 1964 e começava o golpe militar. O ex-presidente João Goulart, o Jango, foi deposto. E quem assumiu foi o General Humberto Castelo Branco, por eleição indireta. Essas e outras são memórias registradas por várias pessoas com as quais conversei. São cenas e fatos que estão registrados pelas história. Portanto, inegáveis.
Perseguições contra quem discordava do governo, censura sobre a produção cultural e intelectual do país. Exílios, torturas, assassinatos marcaram essas duas décadas e um ano. Em Guarapuava, a perseguição também existiu, um jornalista, Helio Azevedo (in memorian) conheceu a prisão e o exílio junto com outros. Em 1968 institui-se o AI-5. Ou seja, o ato institucional mais rígido que marcou uma década da maior repressão dos 21 anos ditatoriais.
MISÉRIA HUMANA
Entre todas as atrocidades cometidas no período, com a maior violação aos direitos humanos já vivenciada, a desigualdade social saiu em disparada. Os índices da economia, a exemplo da tão falada dívida externa, agravaram-se. Nesse contexto a corrupção se instalou. Isso porque, nenhum ato do governo podia ser investigado. A liberdade foi amordaçada.
A história está pra contar, não sou eu quem está dizendo. E o ‘trailler’ desse filme, assistimos no dia 8 de janeiro de 2023. Ainda bem que a reprise dessa película de horror não chegou a estrear na telona chamada Brasil. Então, neste 31 de março de 2024, só brindar e dizer ‘viva a democracia’!