22/08/2023
Guarapuava Saúde

Além de álcool e drogas, a onda é o uso de estimulante sexual entre jovens

Entretanto, tudo isso expõe os jovens a riscos que não estão diretamente ligados à bebida, como acidentes e gravidez indesejada

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Entre jovens as mulheres lideram o consumo (Foto: Reprodução/Pixabay)

O desaparecimento do jovem Fernando José da Silva de 17 anos, após uma festa que envolveu alunos de vários colegas de Guarapuava acendeu o ‘sinal de alerta’. De acordo com informações de amigos de Fernando, ele bebeu exageradamente, ficou alterado e deixou o local da festa. Foi encontrado uma semana depois, morto, dentro de um lago. O alto consumo de bebidas alcoólicas, drogas sintéticas e agora a ingestão de estimulantes sexuais entre adolescentes e jovens é preocupante.

De acordo com o psicólogo Silvio Ortiz, os dados envolvendo essa problemática são alarmantes. Principalmente, porque o consumo de bebidas antes dos 15 anos de idade aumenta em quatro vezes a possibilidade de desenvolver dependência. Conforme Ortiz, o adolescente é só emoção. Ele não mede as consequências. “Quanto mais cedo iniciar qualquer vício, pior. Tudo vai ser muito mais exacerbado”.

E o que chama a atenção é, embora o consumo esteja sendo reduzido no mundo, o Brasil segue na contramão. “Houve um aumento exponencial e é maior entre as meninas”. Levantamento da Fundação Oswaldo Cruz mostra também que um terço dos jovens brasileiros consome bebidas alcoólicas antes dos 18 anos. “Quase 50% dos menores relatam ter um episódio de embriaguez em excesso”.

Entretanto, estar alcoolizado também expõe os jovens a riscos que não estão diretamente ligados à bebida, como acidentes, gravidez indesejada, abuso, violência. Mas o álcool não é a única preocupação. De acordo com o psicólogo, o consumo de drogas sintéticas estão se tornando banal entre os adolescentes e jovens. “É como ir ali e tomar uma cerveja”.

ESTIMULANTE SEXUAL

Uma pesquisa, conforme Ortiz, mostra que em dois anos houve um aumento de 62% na apreensão de drogas sintéticas. “Mas agora fugiu ao controle”. Para se ter uma ideia, de 1995 para cá o THC, princípio ativo, da maconha aumentou de 4% para 16%. Ou seja, 400%. E se você acha que os problemas que rondam esse público acabou, está enganado.

“Agora começaram a aparecer nas clínicas e com maior regularidade o consumo de estimulante sexual entre adolescentes e jovens. Conforme o psicólogo, motivados por obter uma performance sexual avassaladora, os jovens estão consumindo esses estimulantes. “O que foi criado para resolver um problema para parcela da população, acaba criando outro”.

De acordo com Ortiz, o uso indevido gera uma dependência psicológica ao usuário. “Ele começa a sentir incapaz de qualquer ação sexual se não tiver consumido o estimulante”. Para o psicólogo, essas condições estão gerando uma ‘bomba relógio’. E tudo isso alia-se à uma paralisia, uma ansiedade muito grande que fragiliza ainda mais o jovem.

E há a incidência transtornos, depressão, ansiedade, automutilação, tentativa e fatos consumados de suicídios, aumento do consumo de drogas e fatores hereditários.

ORIENTAÇÃO

Conforme orienta Silvio Ortiz, o caminho fundamental é o diálogo, mas quanto mais precocemente se inicia, mais efetivo. “Também com início precoce o jovem deve estar inserido na criação de aspectos que contemplem tolerância à frustração. Além de responsabilidade e habilidade em identificar e lidar com as consequências das escolhas”.

Já na adolescência, conforme o psicólogo, é necessário estar atento, presente e muito diálogo. “Em situações em que as dificuldades já se fazem presentes, e estando complicado lidar com as demandas, pode ser necessário procurar ajuda profissional para auxiliar no encaminhamento das questões”.

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Cristina Esteche

Jornalista

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