22/08/2023
Cotidiano

Altos salários revoltam servidores municipais

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Guarapuava – A notícia de que o prefeito Fernando Ribas Carli mantém assessores especiais com salários altíssimos, como é o caso de Cosme Stimer, que também presta serviços pessoais para a família Carli, caiu como uma bomba no meio do funcionalismo público municipal.

Dias depois o jornal Gazeta do Povo e a RPC trazem à tona os altos salários pagos pela Assembleia Legislativa do Paraná. A revolta já era grande desde que o prefeito foi à Câmara Municipal, agora em fevereiro, e declarou que o Município tinha fechado o orçamento de 2009 com um superávit de R$ 20 milhões. Mesmo assim, ainda endividou o município em R$ 11,4 milhões para fazer obras.

Acontece que desde 2007 os servidores municipais estão sem reposição salarial e a defasagem nos salários chega a 40%. O motivo alegado pela Prefeitura, segundo o sindicato da categoria, o Sisppmug, é o de sempre: os reajustes vão comprometer o orçamento, o 13º, o pagamento em dia, e haverá comprometimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Temos conhecimento de salários altíssimos”, revela Cristtiane (foto) Aparecida Wainer, diretora do Sindicato.

"O próprio Tribunal de Contas orienta que nestas situações, onde há altos salários de um lado e baixos salários entre o restante, cargos comissionados sejam cortados", diz a sindicalista.

O Sindicato também não aceita a maneira como o prefeito Fernando Carli argumenta sobre a questão. Segundo a representante dos funcionários, a Lei de Responsabilidade Fiscal dá uma margem de cerca de 6% sobre a exigência legal, que seria o comprometimento com a folha de pagamentos em até 52% do Orçamento Municipal, o chamado limite prudencial.

"Em todas as prestações dos quadrimestres que temos acompanhado nos últimos três anos, constatamos que o Município gasta apenas 47% com a folha. Então, o prefeito pode conceder 6% de reajuste anual, que seria o percentual equivalente à inflação (cerca de 5%) e um pouquinho mais"), observa a professora Clair Simões Rodrigues, presidente da Comissão do Fundeb.

De acordo com o SISPPMUG, o estudo, feito pelo Dieese, foi entregue à secretária municipal da Administração, Ana Paula Ferreira, mas a resposta continua sendo a de que a Prefeitura não tem dinheiro. "O prefeito sempre fala em superávit financeiro", contesta Cristtiane.

O Sindicato dos Servidores Municipais também aponta para uma “grave” contradição entre o prefeito Fernando Carli e o vice-prefeito Jorge Massaro. Segundo Cristtiane, no período em que Carli se ausentou da Prefeitura, para o tratamento de saúde do ex-deputado Carli Filho, o vice-prefeito Jorge Massaro se reuniu com os sindicalistas e comprometeu-se a fazer um estudo sério para promover o reajuste, antecipando que o faria em parcelas. “Mas depois que o prefeito (Fernando Carli) voltou, este disse ´não´ e voltamos à estaca zero", afirma Cristtiane.

Foto: Nagel Coelho/Rede Sul de Notícias

Cristina Esteche

Jornalista

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