Uma amiga me mostrou um racismo que eu não queria perceber. Isso porque, acreditava que as pessoas veriam como vitimismo.
O desabafo em uma rede social é de uma aluna que frequenta a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) em Guarapuava. Porém, de acordo com o relato, essa é uma situação que ela já havia enfrentado em outras instituições de ensino. Em rede social ela expôs:
“Na escola, dói ser uma chacota dos colegas por não estar adequada aos padrões estéticos e enfatizado por um sistema de eugenia, que visa ‘higienizar’ a sociedade, colocando os pretos sempre às margens”.
Elementos característicos como cabelo pixaim e volumoso, tranças coloridas, lábios ‘grossos’ e nariz largo e acima de tudo a cor, se tornam excludentes por quem não consegue conviver com as diferenças. O maior exemplo disso pauta discussões nacionais a respeito do papel destinado a negros na televisão. Em caso de novelas por exemplo, na maioria das vezes, cabe ao negro personagens que o colocam em nível social inferior, por exemplo.
E foi justamente uma situação semelhante a esta que conforme o relato, a universitária se deparou em sala de aula. Por esperar que num ambiente acadêmico o racismo não existiria, ela interpretou comentários como sendo ‘normais’. Porém, só depois de observações feitas por colegas e com muita conversa, é que a estudante conseguiu perceber que era vítima sim, de preconceito étnico-racial.
Esse porém não foi o único caso de racismo enfrentado. Em conversa com outra aluna negra da Unicentro, o Portal RSN pautado pela Semana da Igualdade Feminina, recebeu um relato semelhante. A universitária vai além e afirma que entre as mulheres, este tipo de discriminação também ocorre. “Eu nem consigo me intitular feminista. O motivo é que têm pessoas dentro do ambiente acadêmico que pregam sororidade, mas na prática não seguem aquilo que falam. Então, fazem um feminismo seletivo”.
UNICENTRO CONFIRMA QUE HÁ DENÚNCIAS
Em contato com a Ouvidoria da Unicentro, a equipe responsável informou que em 2020 foram recebidas duas denúncias anônimas relacionadas ao preconceito racial no ambiente universitário.
“No entanto, as denúncias estavam desprovidas de elementos mínimos, os quais poderiam permitir a apuração dos fatos pelas instâncias competentes. Contatos foram feitos com os manifestantes, no sentido de que estes contribuíssem com as ações da Ouvidoria. Isso seria por meio da disponibilização de provas (prints, imagens, conversas) ou mesmo da indicação de testemunhas”.
Entretanto, a Ouvidoria não recebeu retorno dos denunciantes. Assim, impossibilitando a tomada de medidas cabíveis por parte da universidade.
Ressaltamos o comprometimento dos gestores da Unicentro em prevenir, punir, bem como erradicar o racismo no ambiente universitário.
Desse modo, a Ouvidoria orienta que ao fazer uma denúncia, a pessoa indique as provas ou testemunhas para que seja possível resolver a situação.
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