22/08/2023
Geral

Amor que muda o mundo

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Taís Nichelle

*Os nomes foram alterados para preservar a identidade das personagens.

Para muitas mulheres, a maternidade é algo sublime, é elevar ao extremo a dádiva de ser mulher, o dom de poder gerar a humanidade. É claro que há mulheres que não cultivam o sonho de ser mãe, assim como o significado da palavra vai muito além de gerar. Mãe é quem cuida, quem ama, quem se preocupa, quem alimenta o corpo e a alma… Mãe é quem escolheu ser mãe, seja biológica, ou não. Joana* escolheu ser mãe ainda na infância. 

O problema, é que Joana aprendeu na escola que para gerar um filho, é necessário um homem e uma mulher. Mas, antes mesmo das aulas de reprodução humana, Joana já sabia que ela jamais amaria um homem ao ponto de gerar um filho com ele. Ela é homossexual. Então, decidiu que adotaria uma criança. 

O tempo passou, Joana cresceu e a medicina avançou. Ela conheceu Ana*, e as duas se apaixonaram. O amor só aumentou. Aumentou tanto, que transbordou: era hora de aumentar a família. Porém, a ideia de adotar uma criança já não satisfazia mas Joana, ela queria mais. Queria sentir os enjoos, os desejos, os chutes na barriga. Queria sentir seu bebê antes de ele nascer, queria ser capaz de amamentar. Além disso, o maior sonho da mãe de Joana era ser avó. Foi então que as duas optaram pela inseminação artificial. 

Na quarta tentativa, Joana engravidou. Não só ela, mas indiretamente, a Ana também. Como a gravidez era de risco, elas optaram por esperar para contar aos pais de Joana a notícia da gravidez. “Estávamos almoçando, quando decidimos contar para eles. Quando anunciei que eles seriam avós, meu pai ficou paralisado. Em seguida, levantou e saiu. Voltou com uma laranja que colheu no quintal de casa: é que naquele mesmo dia, pela manhã, eu havia dito que estava com vontade de comer laranja”, conta Joana.

A surpresa não parou por aí: elas também anunciaram que estavam esperando gêmeos. “Minha mãe só acreditou quando viu o exame. Neste momento, ela gritou, pulou e dançou de emoção”. Desde então, a família toda comemora, ansiosos pela chegada do Pedro* e da Maria*. Infelizmente, o preconceito e a intolerância continuam existindo, mas nada abala a realização dessas três mulheres, três mães. Joana e Ana sonhavam com um filho. A mãe da Joana sonhava com um neto. Em seu útero, Joana está gerando sonhos. 

Cristina Esteche

Jornalista

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