sexta-feira, 18 de jul. de 2025
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Anaizis enfrenta no tribunal o ex-companheiro que tentou matá-la

Após meses de ameaças, coação, tortura psicológica, Anaiziz sobrevive a ataque brutal e clama por justiça no tribunal em júri no dia 1º

Anaiziz Mazurok (Foto: divulgação)

No dia 1º de julho, o Fórum de Guarapuava será palco de um julgamento que ecoa muito além das paredes do tribunal. Anaizis de 43 anos, vai encarar o ex-companheiro que tentou assassiná-la a golpes de facão. A dor que quase a silenciou agora se transforma em denúncia contra a violência e a impunidade.

Lesões no pescoço e no ombro (Foto: divulgação)

O acusado, Adriano de 37 anos, será julgado por tentativa de feminicídio, quebra de medida protetiva e ameaça. Ele já havia descumprido medida protetiva e ameaçado Anaizis e as duas filhas dela. Agora, responde por tentar matá-la. Trata-se de um crime premeditado, brutal.

De acordo com Anaiziz, a história começou com um ‘curtir’ nas redes sociais, no fim de 2021 e começo de 2022.

Anaizis recebe flores (Foto: divulgação)

Adriano estava trabalhando numa empress que instala torres de alta tensão, em Turvo. Viúva, Aizis disse que pensou ter reencontrado o amor num homem que parecia tímido, mas que se revelou possessivo e violento.

Ele me dava flores, fazia declarações. Mas com o passar do tempo se mostrou quieto, com temperamento instável. O ciúme possessivo começou.

Conforme Anaizis, quando a obra em que Adriano trabalhava acabou, ele seguiu com a empresa para outra cidade.

Declaracões eram constantes (Foto: divulgação)

“A situação se tornou insuportável, mas ele dizia que ciúme era prova de amor. Me ligava o dia inteiro, por videochamada. Ligava no meu trabalho, em casa durante a noite toda”.

A TENTATIVA DE FEMINICÍDIO

A tentativa de romper o relacionamento, em abril de 2022, agravou o pesadelo: ameaças de morte, inclusive contra suas filhas, coação, perseguições. Mesmo com uma medida protetiva, Adriano seguia rondando, tentando entrar na casa. “Eu temia que a qualquer momento ele pudesse entrar e fazer o pior.”

Corte no pescoço (Foto: divulgação)

E fez. Em 16 de outubro de 2023, às 7h da manhã, quando chegava para trabalhar num Centro de Educação Infantil em Turvo, Anaizis foi surpreendida por Adriano. Ele a atacou com um facão: dois golpes no pescoço, outro no ombro, mais um no pulso.

Caí e permaneci um tempo desacordada. Ele se evadiu acreditando que estivesse morta. Mas após recobrar a consciência com muita dificuldade e quase perdendo a consciência novamente, consegui levantar e ao ouvir um carro se aproximar saí correndo.

Ela diz que a rua estava deserta, mas um senhor a socorreu e a levou ao hospital. Adriano fugiu, mas a polícia o encontrou na casa dos pais dele, em Jardim Alegre. Isso ocorreu no dia 20 de outubro, quatro dias após a tentativa.

Corte perto do pulso (Foto: divulgação)

Condenado a 2,4 anos de prisão em regime semiaberto, por descumprir a medida protetiva, ele permaneceu em liberdade por seis meses. Entretanto, o Ministério Público conseguiu reverter a liberdade e mantê-lo preso, considerando a alta periculosidade do agressor.

ALÉM DO TRIBUNAL

Hoje, Anaizis estuda assistência social. Quer transformar a dor e o trauma em ação. Ela denuncia as falhas no sistema de proteção às mulheres: “O acolhimento falha. As ações preventivas são bonitas no papel, mas não funcionam na vida real”.

Hoje, Anaiziz não se importa em contar o drama com o qual convive.

Me exponho às críticas, mas é meu grito de socorro. Não por mim, que sobrevivi, mas por tantas que não conseguiram.

Ela defende que as penas contra agressores de mulheres não podem continuar brandas. “Eu fiquei com traumas, lesões que comprometem o meu físico, e uma vida inteira para reconstruir.”

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Cristina Esteche

Jornalista

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