Uma mudança de paradigma está em curso no Consórcio Intermunicipal de Saúde da 5ª Regional (CIS 5ª Regional). Sob a presidência de André Junior de Paula, prefeito de Campina do Simão, o órgão une inclusão social ao contratar pessoas privadas de liberdade. E mais do que isso: anuncia projeto para a abertura de PSS que vai substituir quatro de seis empresas terceirizadas.
Estamos priorizando economia, acabar com os esquemas e maior eficiência na gestão pública.
Ou seja, o órgão dá um passo ousado. Une a humanização do sistema prisional a uma expressiva economia de recursos públicos. A partir desta segunda (21), três pessoas privadas de liberdade iniciam as atividades no consórcio.

André Junior de Paula, presidente do CIS (Foto: divulgação)
Eles e ela vão ocupar postos de eletricista, serviços gerais e copeira. A iniciativa não só oferece uma rota para a ressocialização, mas também sinaliza um novo tempo na gestão do CIS. Conforme disse o presidente ao Portal RSN, a gestão vai enxugar os gastos e se tornar mais eficiente.
VISÃO DIFERENCIADA
A contratação dos três trabalhadores vem de uma visão diferenciada, conforme que André Junior. Cada um receberá o equivalente a 115% do salário mínimo nacional. Desse total, 15% destinam-se compulsoriamente ao Fundo Penitenciário (Fupen), que financia programas voltados à população carcerária. O restante compõe a remuneração pelo trabalho prestado.
Se trata de uma remuneração indispensável para a reconstrução da vida e da dignidade de quem encontra-se privado de liberdade.
Para o CIS, de acordo com André, essas ações se traduzem em economia. “Estamos gerando muita economia para os cofres do CIS. Só para ter uma ideia, temos mais de 40 lâmpadas no AME [Ambulatório Médico de Especialidades] e na sede do CIS para serem trocadas. Além desses, outros serviços de manutenção agora terão um profissional qualificado, assim como nas outras duas áreas”.
A contratação direta desses profissionais, conforme disse André, mesmo que em um regime especial, dribla a burocracia e os custos mais elevados. Fatores esses que associados à contratação de uma empresa ou de autônomos para serviços pontuais e urgentes gerariam despesas.
O QUE DIZ O DEPPEN
De acordo com o diretor do Deppen em Guarapuava, Marlon Picioni , o convênio representa um avanço significativo no processo de ressocialização das pessoas privadas de liberdade. “Através dessa parceria, os custodiados têm a oportunidade de desempenhar atividades laborais dentro do consórcio.”
Conforme Marlon, ao mesmo tempo em que contribuem com a sociedade, desenvolvem senso de responsabilidade, disciplina e dignidade.
Essa iniciativa reforça nosso compromisso com a reintegração social e com a promoção de políticas públicas eficazes e humanizadas no sistema prisional.
A expectativa, de acordo com o Deppen, é que o número de participantes possa chegar a até 30, conforme a ampliação da parceria e a demanda do consórcio.
“O FIM DOS PRIVILÉGIOS”
As mudanças, no entanto, não se limitam à mão de obra prisional. A gestão de André Junior mira em um alvo ainda maior: os contratos de terceirização. Durante a última assembleia do consórcio, na sexta (18), foi colocada em pauta a abertura um Processo Seletivo Simplificado (PSS) com o objetivo de eliminar quatro dos seis contratos vigentes com empresas terceirizadas.
A medida, segundo o presidente, pode gerar uma economia anual de R$ 3 milhões. O que representa cerca de R$ 300 mil por mês aos cofres do consórcio, que é mantido pelos municípios da Região. A justificativa, no entanto, vai além da matemática financeira e entra no campo político.
Além dessa economia, vamos estar acabando com o fim dos privilégios.
As únicas empresas que devem permanecer são a responsável pela segurança privada e o Samu Regional. Sobre o serviço de urgência, o presidente faz questão de ressaltar os avanços. “O Samu está sendo referência para o Paraná e também é sinônimo de economia, porque zeramos as horas extras. Já recebemos equipes de Maringá e de outros municípios que estão vindo em busca do nosso modelo”.
TELE MEDICINA
As mudanças dentro do CIS 5ª Regional começaram desde o início da atual gestão. De acordo com o Presidente André Junior de Paula, um convênio já coloca profissionais em obras de manutenção no Novo Hospital Santa Tereza. “Ele executam obras e recuperam a parte física do hospital”. Esse profissionais privados de liberdade possuem entrada e saída privativas.
Outro convênio com o Departamento Penitenciário (Deppen) possibilita consultas por telemedicina, nas unidades prisionais.
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