Quem conhece o estilo combativo do deputado federal André Vargas (PT-PR) sabe que dificilmente ele renunciaria ao mandato. E ele não renunciou. Resolveu encarar o processo instaurado pela Comissão de Ética da Câmara Federal, na tarde desta quarta-feira, por suposta improbidade administrativa nas relações (ainda a serem esclarecidas) dele com o doleiro Alberto Youssef. Nem mesmo os apelos do ex-presidente Lula e de grande parte dos deputados foram suficientes para demover o parlamentar.
Polêmico, briguento, articulador, André Vargas teve uma carreira meteórica dentro do PT e como deputado federal, chegando à vice-presidência do Congresso. Antes de ser envolvido no caso do doleiro, era cotado para ser candidato ao Senado na chapa de Gleisi Hoffmann ou, se reeleito, estaria com o caminho pavimentado para ser o presidente da Câmara Federal. Nesta noite de quarta, ele anunciou que estava abrindo mão do cargo de vice-presidente e que irá se dedicar a sua defesa. Garante que tem como provar que é inocente. Ao final, pretende repetir o gesto que o consagrou nas últimas semanas, ao erguer o punho cerrado na presença do ministro do STF, Joaquim Barbosa, a exemplo do que fizeram Zé Dirceu e José Genuíno quando foram presos. Vargas, naturalmente, quer fazer em liberdade, como sinal de vitória.
Contra Vargas, estará o relator da Comissão de Ética, Julio Delgado (PSB-MG), o mesmo que fez o parecer pela cassação do ex-ministro Zé Dirceu. O deputado está licenciado do mandato por 60 dias.