Foram seis dias de competições envolvendo 1,2 mil atletas em 11 modalidades esportivas, representando cerca de 300 municípios paranaenses. As Olimpíadas das Apaes acabaram nesta quinta feira (13), em Guarapuava. Logo após o almoço, as delegações retornaram aos municípios de origem, levando na bagagem a melhor impressão de Guarapuava.
“A competência, a organização, a acolhida e a união marcaram o evento em Guarapuava. Pela primeira vez nossos atletas ficaram hospedados em hotéis, porque geralmente ficam em escolas. Não houve nenhum problema e Guarapuava está de parabéns”, disse o professor Daniel Golfieri de Oliveira, da Apae de Ribeirão do Pinhal.
Quem não se envolveu na organização e no transcorrer do evento não consegue dimensionar a logística das Olimpíadas. É denominador comum entre os organizadores que a maior dificuldade enfrentada foi na questão financeira, uma vez que o investimento foi de R$ 1 milhão, dos quais, R$ 500 mil apenas em hospedagem. Até o recurso ser liberado, as licitações serem homologadas e os produtos chegarem ao destino final, o estresse foi grande.
“Foram noites de insônia, muito choro, mas também de muita união, de muita superação e de muita parceria”, diz a presidente da entidade, Márcia Cristina Faria Nagase. Outro consenso foi a participação decisiva e a vontade política do prefeito Cesar Silvestri Filho em viabilizar o evento. “Se não fosse o prefeito Cesar Filho não sabemos o que teria acontecido. A vontade política dele foi fundamental”, diz Márcia. A doação da vice-presidente da Apae, Marilda Muller também foi reconhecida. “A Marilda foi uma gigante”, resume Márcia.
Mas a atuação de voluntários de todas as faixas etárias também moveu as Olimpíadas. “Esse evento nos mostrou que não somos nada sozinhos, que precisamos do outro”, afirma Márcia. O secretário municipal de Esportes, Pablo Almeida comunga da mesma opinião. “Foi um evento construído e realizado por muitas mãos e que nos deixa um legado de amor. Tudo saiu perfeito, sem imprevistos, um ajudando o outro. Já participei de muitos jogos, mas nenhum se iguala a este. Guarapuava não será mais a mesma depois das Olimpíadas das Apaes”.
Para que tudo desse certo, as demandas foram divididas em equipes. A cozinha, por exemplo, envolveu oito cozinheiros em três turnos, com 45 voluntários, sob a coordenação do professor do curso de gastronomia da Faculdade Guairacá, Renato Gabriel de Lima. Ele levou acadêmicos, pais e voluntários de outros cursos. Jéssica da Fontoura Cararo e Paulo Vier são egressos do curso de gastronomia e trabalharam os seis dias para ajudar a cozinhar 24 toneladas de alimentos, distribuídas em 30 mil refeições entre almoço, lanche e jantar, numa média diária de 12 horas de trabalho. “Todos tem que se doar um pouco e é também um grande aprendizado”, disseram ao Portal RSN.
As acadêmicas de pedagogia, Jeniffer Gomes, Letícia Ângela Dominico Soares, e de psicologia Suélen Miranda e Padre Vinicius deixaram suas casas nas primeiras horas do dia e só retornavam após às 22h. “Passamos por um processo diferente de integração, de valorização das pessoas. A sociedade de mobilizou para acolher essas pessoas que também deixaram as suas casas para estar aqui”, disse Padre Vinicius. “Foi uma lição de que precisamos um do outro”, diz.
Em cada pista, cada quadra, em cada competição os atletas olímpicos mostraram que a força de vontade desconhece limites. “A superação de cada um deles, a alegria, o empenho em representar a sua cidade, chamaram a atenção”, diz Suélen.
Dona Elizia Miranda é mãe e irmã de ex-alunos da Apae em Guarapuava. Os dois já faleceram, mas mesmo assim ela estava lá, “ajudando onde fosse preciso”. Para ela, foi uma maneira de manter viva a memória do filho e do irmão. “Foi um jeito que achei deles participarem desse evento tão lindo”, afirmou.
Participando das Olimpíadas das Apaes desde 1998, o professor de educação física e coordenador estadual das Olimpíadas das Apaes, Paulino Hykavei, só tem uma palavra: “Gratidão”. Segundo ele, se não fosse a vontade de muitos, nada teria saído “tão perfeito”.
Para se ter uma ideia do que envolve os bastidores dessa competição, são 1,2 mil alunos, que precisam de medicamentos na hora certa. “Cada um tem um tipo de limitação, de necessidade e nos tornamos também seus pais, porque eles estão aqui somente com professores. Mas deu tudo tão certo que nada de errado aconteceu. Foi muito amor, muita superação, muita união”.
Foto da capa: Fer Gomes