Existem inúmeras ideias que são profundamente corruptoras da alma humana e, na atualidade, o que mais temos é esse tipo de choldra.
Dentre elas, uma que gostaria de destacar nessas minguadas linhas é a de que a sociedade tem uma dívida para com todos e, uma bem grandona para com alguns de modo particular, que devem ser atendidas e acolhidas na forma dum direito.
O vício dessa ideia está em sua própria enunciação. Dum modo geral, todos nós, uns mais que outros, somos devedores das gerações que nos antecederam e duma multidão de indivíduos que com sua criatividade, genialidade e, nalguns casos, empreendedorismo, tornaram possíveis inúmeras coisas que nós mesmos seriamos incapazes de conceber em nossa empobrecida imaginação (e quem o diga realizá-las). E, mesmo assim, usufruímos de seus frutos.
Quando passamos a refletir sobre esse outro prisma, torna-se praticamente inevitável que cheguemos à conclusão de que, na verdade, devemos muito mais a sociedade que essa a nós.
Não? Bem, então perguntemo-nos em que nós contribuímos para tornar, não a sociedade, mas a vida de algumas pessoas mais confortável? Qual é a nossa contribuição para a elevação da dignidade de nossa gente, daqueles que nos circundam? Melhor! O que temos feito para sermos simplesmente mais dignos, prestativos e bons? O que?
Pois é, mesmo assim acreditamos candidamente que a tal da sociedade nos deve alguma coisa.
Pior. Educar na base dessa ideia viciada e viciosa produz em larga escala uma multidão de ingratos desprovidos do mais raso senso das proporções, de responsabilidade, e incapaz dum mínimo de simpatia. Quem o diga de empatia.
Enfim, a única coisa que pode ser parida tomando por base essa visão distorcida da realidade é uma sociedade podre de mimada que crê, candidamente, que sua putrefação moral é o suprassumo da tal da cidadania. Só isso e olhe lá.