Apesar de todas as informações sobre a necessidade de evitar a propagação da Covid-19, em Guarapuava, as pessoas continuam saindo às ruas. Neste sábado (21), por exemplo, nas principais ruas centrais o fluxo aumentava à medida em que as horas avançavam.
Embora tomando as medidas cabíveis ao momento, tive que sair de casa para levar a minha mãe, de 86 anos, ao banco. O saque na agência com a qual ela trabalha é por impressão digital. Portanto, tinha que ser presencial. Assim, decidi sair cedo, por volta das 8h30.
Já na Rua de XV de Novembro, percebi a rua quase deserta, bem diferente do movimento que costumamos ver. Os camelôs, os hippies com seus panos de artesanato, os passos calmos de quem aproveita o sábado para apreciar as vitrines, o corre-corre das crianças. Nada disso estava lá.
Porém, a rua que estava deserta, aos poucos, foi criando vida. Jovens andando de skate, pessoas de bicicleta, grupos sentados nos bancos no calçadão. Mais adiante, outro grupo de pessoas comia churros, tranquilamente, sentados nos bancos do quiosque. Todavia, sabem que estão erradas, tanto é, que não deixam fotografar.
Assim, os poucos, duas ou três lojas de grandes redes nacionais abriam as portas atraindo para dentro as pessoas que já formavam pequenas filas. “Eu vim no banco e vou aproveitar para pagar o carnezinho. Senão cobram juros, né?”, me disse uma aposentada que mora na Vila Carli.
“Moça, como que a gente vai pegar esse vírus, se não tem ninguém nas ruas. E a gente precisa comer”, respondeu uma dona de casa que puxava duas crianças pelas mãos.
De repente, com passos apressados, uma professora aposentada, usando máscara voltava para casa. “Posei na casa da minha filha e agora estou correndo para minha casa e de lá não saio”, afirmou, sem relaxar as passadas.
“INVENÇÃO DE LABORATÓRIOS”
Porém, já fora do Centro, na Praça Santa Terezinha, que é caminho para a casa da minha mãe, vi três idosos sentados no banco da praça.
“Minha filha, já temos quase 80 anos. Somando aqui dar uns par de anos. Já passamos por muitas coisas, muitas doenças e nos últimos tempos os laboratórios estão soltando vírus pra ganhar dinheiro. Nós já estamos curtidos pela vida”, disse Antonio. Enquanto ele falava, os demais concordavam com a cabeça.
Bom, passei por farmácias e já não há mais álcool e nem máscaras. “As pessoas estão em busca de remédio pra gripe, vitamina C e outros complexos”, informou um farmacêutico.
“O pessoal tá abusando nos preços. Não tem dó e nem piedade”, observou um homem num dos supermercados do Centro da cidade.
Realmente! Só para se ter uma ideia, o preço do quilo da berinjela (R$ 7,80), ‘que é sem gosto’, como disse um feirante, tem diferença de mais de 100% para outra loja (R$ 3,19) de menor porte. Também entrei numa pastelaria, já que minha mãe queria comprar o ‘seu almoço’. Na hora de pagar, o susto. Cobraram R$10 a unidade.
Assim, já retornando para casa, vi pessoas na fila de uma lotérica. Outras conversando pelas esquinas. Percebi que muitos não estão dando a devida importância para um vírus que está ‘roendo’ o mundo.
OSSOS DO OFÍCIO
Entretanto, você deve estar se perguntando o que eu estava fazendo na rua em meio a essa pandemia. Como disse no começo, saí para ajudar a minha mãe. Porém, durante o caminho, a jornalista falou mais alto. E como sei da gravidade que nos rodeia e que vai chegando de mansinho, não abri mão dos protocolos de segurança da saúde. Agora já estou em casa, de volta à quarentena.
Além dessa minha percepção, pouco depois do prefeito decretar o fechamento compulsório de todo o comércio, veio o apelo feito pela secretária municipal de Comunicação, Renata Caleffi: “Precisamos tirar as pessoas do Centro da cidade”.
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