22/08/2023
Segurança

Após 10 anos, juiz pede que ex-namorada de Cacá vá a júri popular

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Após 10 anos da morte do jovem Carlos Antonio De Paula, o Cacá, finalmente a justiça dá uma resposta a um dos casos que teve grande repercussão na sociedade guarapuavana. O juiz Nestário Queiroz pronunciou a acusada Mariana Cristina Serpa Agner para que seja submetida a júri popular, podendo recorrer em liberdade. Apesar do processo tramitar em sigilo de justiça, a sentença de pronúncia é publica e pode ser acessada (http://www.tjpr.jus.br/consulta-1-grau-criminal) Comarca: Guarapuava / Número: 2004.622-0.

Cacá foi morto na madrugada de 29 de fevereiro de 2004 na suíte 127 do motel “Se que Sabe”, às margens da PR 466, perímetro urbano de Guarapuava. A primeira versão do caso atribuiu a Cacá, que era policial militar, a prática de suicídio. Porém, com o desenrolar dos fatos, a hipótese de crime ganhou espaço e Mariana, que era a ex-namorada, é acusada em consequência de indícios de autoria em homicídio qualificado por motivo torpe.

Durante a instrução, além de inúmeros depoimentos de testemunhas de acusação e de defesa, entre peritos, médicos, testemunhas do fato, amigos e familiares, foi feita a exumação do corpo da vítima. Laudos contestam a tese de suicídio embasados em perícias que demonstram a ausência de esfumaçamento de pólvora na região lateral direita da cabeça, parte atingida pelo disparo. O perito Geraldo Gonçalves de Oliveira Filho diz que o disparo foi feito numa distância de 45 centímetros, e não à queima-roupa (tiro encostado). Essa constatação é confirmada por outro perito, Brasil Vianna Neto, que fez a exumação. Ele diz que “na “táboa óssea” não havia sinal de esfumaçamento, que é “sinal característico de tiro encostado”.

Contratado pela família de Mariana, o perito Fortunato Antonio Badan Palhares,  que se tornou famoso por ter periciado Paulo Cesar Farias, ex-assessor do ex-presidente Fernando Collor de Melo, aponta falhas nas perícias iniciais como a falta de exames nas mãos de Mariana e de Cacá, na madrugada do fato.

RELEMBRE O CASO

De acordo com o processo, cuja pronuncia possui 112 páginas, as quais a Rede Sul de Notícias teve acesso, datada de 15 de dezembro de 2013, Carlos Antonio de Paula e Mariana mantinham relacionamento há mais de ano e pouco antes da morte de Cacá, haviam rompido. Mariana alega que o namorado tinha se tornado uma pessoa possessiva, o que teria motivado o rompimento. Ela cursava odontologia e residia em Curitiba.

Na madrugada de 29 de fevereiro de 2004 ambos se encontraram no antigo Boliche, casa noturna no centro de Guarapuava e acabaram deixando o local juntos. O destino do casal foi o motel onde, de acordo com vários depoimentos de testemunhas e da própria Mariana, chegaram por volta das 04h30. Após uma tentativa de relacionamento íntimo e que foi frustrado, Cacá teria ficado alterado, pego a arma que carregava consigo e atirado contra a própria cabeça. Essa afirmação é sustentada por Mariana durante três depoimentos prestados durante o processo.

Segundo os autos, de todos os depoimentos de testemunhas, que incluem funcionários do motel, parentes, amigos do casal, seguranças as empresa Falcão, peritos criminais e outros policiais que estiveram no local da morte, o que chama a atenção é o do camareira Maria Izabel de Oliveira. Ela trabalhava no motel na madrugada do fato. Segundo a testemunha de acusação, cerca de 40 minutos após a chegada do casal no motel, ela passava perto da suíte quando ouvi um tiro e uma voz feminina gritava: “Meu Deus. Não era para ter acontecido isso”.

Com base nas circunstâncias do crime e das declarações colhidas nos autos durante a fase de instrução, em especial, a dos peritos, o juiz Nestário Queiroz, concluiu que estas são suficientes para que a acusada seja submetida ao Tribunal do Júri.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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