22/08/2023
Segurança

Após 18 anos do crime, corpos de Sandro e Henry serão exumados

Após 18 anos o crime que envolveu os jovens Sandro Esteche e Henry Franciosi volta a movimentar os meios policiais de Guarapuava. A juíza da 1ª. Criminal Carmen Mondin solicitou a exumação dos corpos para a possível retirada dos projéteis. A intenção é comparar as balas com o calibre do revólver Taurus 38 encontrado pela polícia. A missão, porém, não será fácil. Os restos mortais de Sandro já foram trocados de túmulo, assim como os de Sandro foram transferidos do Cemitério Municipal onde o corpo foi sepultado para o Cemitério Parque dos Eucaliptos.

A exumação dos corpos está agendada em dias diferentes. O corpo de Sandro será na quarta-feira (05), às 9 horas, enquanto Henry será exumado na quinta-feira (06), às 9 horas, segundo informou a Central de Triagem do Serviço Funerário Municipal.

As mortes de Sandro e Henry chocaram a sociedade guarapuavana. Os dois foram executados na noite de 20 de março de 1995, nos fundos do Mercado São Vicente, na Avenida Cascavel. De acordo com as 200 páginas que formam o processo judicial, o denunciado pelo crime Fábio Menarim Rocha, amigo de Sandro e Henry, passou horas junto com Sandro no mercado. No final da tarde Henry chegou. Tão logo o mercado foi fechado e o pai de Sandro, João Quilhano Esteche foi para casa, os dois foram assassinados. Um casal que morava em frente ao mercado o disparo de “quatro ou cinco tiros”, dos quais um, minutos após os demais. Edevaldo Augusto Pereira disse que foi até a frente do mercado enquanto o tiros estavam sendo disparados. Terezinha Parezino Moss, outra testemunha, assistia televisão quando ouviu os disparos. Foi até a janela e retornou à tevê ouvindo um último tiro. Ela também disse que só viu Fabio saindo do local, indo até a casa da testemunha para pedir socorro.

A versão de Fabio é de que uma terceira pessoa chegou com Henry no mercado e começou a atirar  tendo, inclusive, atirado contra ele (Fabio), mas o tiro pegou na barriga, de raspão. Em seguida o suposto assassino teria saído pela frente do mercado.

Os depoimentos das testemunhas, porém, contradizem a versão de Fabio. Nenhum das pessoas envolvidas viu uma terceira pessoa saindo do local, a não ser Fabio.

Tanto a reconstituição do crime quanto laudos periciais, de acordo com o processo, mostram que o tiro contra Fabio foi à queima roupa, já que o local atingido apresentou resquícios de pólvora, ao contrário de Sandro e Henry. A suspeita é de que Fabio atirou contra si mesmo. O policial José Ademir de Paulo estranou o fato de somente Fabio apresentar pólvora no corpo e os outros não. O advogado de defesa Elcio Melhem afirma no processo que a cicatriz no corpo do seu cliente, que também é seu afilhado, não apresenta características de "tiro encostado".

O pivô das duas execuções seria uma dívida de R$ 5,1 mil. Fabio deu um cheque a Sandro como garantia. O cheque nunca foi encontrado e nem descontado no banco. O cofre da Família Esteche estava aberto e havia papeis picados pelo chão. Num trecho do processo há a afirmação de que o denunciado teria dito: "esses dois já estão feitos. Agora só falta o cabeludo", num referência ao irmão de Sandro.

Um cunhado de Fabio, em depoimento, disse que estranhou o fato deste não ter reagido contra a terceira pessoa já que costumava andar sempre armado.

Fabio chegou a ser preso, mas foi liberado por Habeas Corpus. Em depoimento que consta no processo acusa policiais de tê-lo torturado na prisão.

O pedido de exumação dos corpos e a retomada do processo fazem parte da  Meta Prioritária 2 do CNJ (Conselho Nacional da Justiça) que tem por objetivo julgar todos os processos de conhecimento distribuídos (em 1º grau, 2º grau e tribunais superiores) até 31/12/2006 e, quanto aos processos trabalhistas, eleitorais, militares e da competência do Tribunal do Júri, até 31 de dezembro de 2007.

Cristina Esteche

Jornalista

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