Após 41 anos da descoberta do HIV e da Aids, ter a doença já não é mais um atestado de morte. No entanto o preconceito, consequência da falta de informação sobre o assunto ainda é grande. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente 36,9 milhões de pessoas vivem com a doença no mundo.
Só no Brasil em 2020 houve o registro de 32.701 casos. Em Guarapuava, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, 656 pessoas têm o vírus. No entanto 80 não fazem o tratamento.
PRECONCEITO
Por ser uma doença que não tem cura, durante os anos iniciais da descoberta do vírus, o HIV era tratada como um castigo, já que grande maioria das infecções ocorriam entre homossexuais. Desse modo, até hoje o estigma e a descriminação faz com que muitas pessoas não procurem por ajuda para receber o tratamento adequado.
Na maioria dos casos, por vergonha e medo do julgamento social. A escritora e influencer Thais Renovatto descobriu que possuía o vírus quando o ex-namorado que estava no estado terminal da Aids morreu. Para conferir a história completa basta acessar o perfil do Instagram historiasdeterapia.
Uma coisa é você ter vírus HIV e outra coisa é você ter Aids propriamente dita. Então eu posso viver a vida inteira com o vírus do HIV e nunca ter Aids.
Quatro décadas depois dos primeiros casos, atualmente é possível ter uma vida normal portando o vírus. Com o avanço nos estudos, especialistas identificaram novas formas de prevenção ao HIV/Aids. Assim sendo, o tratamento para a infecção do HIV é feito com medicamentos antirretrovirais (ARV), conhecidos popularmente como ‘coquetel’.
Eles impedem a multiplicação do vírus no organismo, ajudando a combater a doença e a fortalecer o sistema imunológico. Contudo eles não são capazes de eliminar o vírus do organismo. A função deles é diminuir a carga viral ao ponto de que o portador não seja capaz de transmiti-lo.
Assim, o paciente pode ter uma vida praticamente normal, tendo relações sem transmitir a doença e também ter filhos sem passar o vírus para o bebê, como explica Thais.
Eu tomo um comprimido por dia que me deixa indetectável. Eu tenho tão pouco vírus circulando no organismo que nessa condição eu não consigo passar pra ninguém e nem a doença evoluir no meu corpo.
TRATAMENTO EM GUARAPUAVA
Conforme a Secretaria de Saúde de Guarapuava o tratamento é disponibilizado gratuitamente pelo SUS. Chamado de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV, semanalmente o Serviço de Assistência Especializada (SAE) disponibiliza nas unidades de saúde.
Segundo o Ministério da Saúde, a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) consiste no uso de antirretrovirais para reduzir o risco de adquirir a Aids. Diversos estudos clínicos e subpopulações já comprovaram a eficácia e a segurança da PrEP. Para a enfermeira do SAE, Clarice Kunkel, “esse serviço é benéfico à população, por ser mais uma forma de prevenção ao HIV”.
A pessoa passa por uma equipe multiprofissional, além de receber orientações sobre o assunto. Com a adesão ao tratamento, a qualidade da vida sexual melhora muito.
A Profilaxia Pré-Exposição não é uma barreira para outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), apesar de ter mais de 95% de eficácia na prevenção do HIV. Os especialistas reforçam que o uso da PrEP deve ser acompanhado de outras medidas eficazes, como o uso de camisinha. O tratamento tem como público prioritário às populações-chave, que apresentam risco mais elevado para a infecção.
Para ter acesso a mais informações e agendamentos de consultas, a Prefeitura indica que o paciente entre em contato com o SAE na rua Getúlio Vargas, 1981, Centro ou pelo telefone (42) 3621-4524.
HIV E AIDS NÃO SÃO A MESMA COISA
Apesar da doença ser consequência do vírus, as siglas não são sinônimos. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Sida/Aids) é causada pelo vírus da Imunodefiência Humana (HIV). A transmissão mais comum ocorre durante relação sexual sem uso de preservativo e pela troca de fluidos corporais.
Contudo, conforme a organização internacional de ajuda humanitária ‘Médicos sem Fronteiras’, o contágio também pode ocorrer durante a gravidez, no parto e em transfusões sanguíneas. Assim como em transplantes de órgãos, pela amamentação e por compartilhamento de agulhas contaminadas.
No entanto apesar do HIV e a Aids estarem ligados, eles não são a mesma coisa. De acordo com o Ministério da Saúde, Imunodefiência Humana (HIV) é o vírus causador da Aids, que ataca células específicas do sistema imunológico (os linfócitos T-CD4+), responsáveis por defender o organismo contra doenças.
Ao contrário de outros vírus, como o da gripe, o corpo humano não consegue se livrar do HIV. Dessa forma, ter HIV não significa que a pessoa desenvolverá Aids. Porém, uma vez infectada, a pessoa viverá com o vírus o resto da vida, já que existe vacina ou cura para infecção pelo HIV, mas há tratamento.
Leia outras notícias no Portal RSN.