Às sombras das árvores nativas que a produção da erva-mate especial começa, de sabor único no mundo, reconhecida desde 2017 com o selo de Indicação Geográfica (IG). Assim, faz do Paraná o maior produtor da matéria-prima sombreada para o chimarrão do Brasil. Apenas em 2018 o Estado produziu 532,89 mil toneladas. Conforme a Agência Estadual de Notícias, a erva da Região que inclui Bituruna é um dos verdadeiros tesouros do Paraná.
Conferido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o IG reconhece produtos ou serviços que são característicos de local de origem. Isso atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos similares disponíveis no mercado. Desse modo, os produtos que apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer.
Conforme o Departamento de Economia Rural, a produção de erva ocorre em 136 municípios paranaenses, com concentração na Região Sul. Os núcleos regionais de União da Vitoria, Guarapuava e Irati, respondem por 81,7% do valor bruto da produção do Estado. Ainda, o Deral aponta como os maiores produtores os municípios de Cruz Machado, São Mateus do Sul, Bituruna, Santa Maria do Oeste e General Carneiro. Além disso, no último dia 10, ocorreu a Mate Experience, programa que trouxe a erva-mate como personagem principal.
OURO VERDE
Base para o chimarrão, tererê (ou tereré dependendo da localidade) e chás, entre outros produtos, a erva-mate desempenhou papel significativo na história do Paraná e no Sul como um todo. Atualmente, gera empregos e renda ao longo de toda a cadeia produtiva. São cerca de 37 mil famílias (propriedades) vivendo diretamente da atividade no Estado, conforme o Conselho Gestor da Erva-Mate do Vale do Iguaçu (Cogemate). Além, claro, da sustentabilidade, já que a produção conserva a fisionomia vegetal nativa, sendo que a maior parcela de produção paranaense é proveniente de ervais nativos ou sombreados.
Conforme o levantamento mais recente do Departamento de Economia Rural (Deral), de 2018, o Paraná apresentou um Valor Bruto da Produção (VBP) dos produtos florestais de R$ 4,42 bilhões. Deste total, 84% são de produtos madeireiros (serraria, papel e celulose, placas e painéis e lenha) e 16% da linha não madeireira (mate, palmito e pinhão).
Neste conjunto, a erva-mate foi responsável por 13% de participação dos Produtos Florestais, com um valor de R$ 591,8 milhões. É um aumento de 2 pontos percentuais em relação a 2017, em que obteve 11% de participação, com R$ 435,4 milhões.
A BARONESA DO MATE
Em São Mateus do Sul, Márcia Regina Ransolin da Silveira possui a ervateira Baronesa, uma das quatro indústrias da cidade capacitadas a produzir o mate com selo de Indicação Geográfica. Ela conta que o reconhecimento ajudou a impulsionar os negócios da família, já na quinta geração. E de quebra resgatou o turismo na Região.
Conforme Márcia Ransolin, a Baronesa produz em média 25 toneladas de erva-mate por mês, divididas nas categorias chimarrão, chá e tererê. Com cinco empregos diretos, número que salta para mais de 30 na época da safra, entre junho e setembro, a ervateira ajuda a consolidar São Mateus do Sul como o segundo maior produtor do Estado.
Em 2018, de acordo com o Deral, foram 70 mil toneladas, atrás apenas de Cruz Machado (92 mil toneladas) no ranking paranaense. “O IG agregou valor e garantiu uma referência para o produto. Mostra que tem um diferencial”.
EXIGÊNCIAS
Gerente comercial da ervateira Maracanã, o engenheiro agrônomo Fernando Toppel ressalta o potencial que a Região alcançou com a conquista do IG. Ele tem na cabeça todos os procedimentos que se precisa tomar para garantir a erva-mate de excelência. “É um caderno de especificações técnicas. São ações que vão desde a muda que precisa ter a genética local até normas e padrões de segurança e produção como boas práticas agrícolas e boas práticas de fabricação na indústria”.
De acordo com Toppel, as exigências que agregam valor. Um pacote de mate para chimarrão com o selo IG chega a custar de 30% a 50% a mais do que o produto convencional, diferença que acaba se refletindo também no bolso do produtor. “Temos um potencial gigantesco no Brasil, basta o consumidor assimilar que está pagando um pouco a mais porque é um produto diferente, único, especial, como é o champanhe na França. O trabalho está engatinhando, ainda vamos crescer muito”.
EXPORTAÇÃO
A exportação é um processo que já está mais avançado no Uruguai, por exemplo. De acordo com Toppel, eles fazem questão de pagar mais por uma erva com procedência. Ainda mais se for paranaense. O Deral mostra que o país vizinho é o principal importador do mate do Paraná, com 1.592 toneladas em 2018.
Desse modo, esse canal fez com que Baldo, a maior ervateira do Brasil, do Rio Grande do Sul, se instalasse em São Mateus do Sul. Assim, é desta planta que ela produz a erva com IG que vende para alguns países da América do Sul, principalmente para o Uruguai.
“E mesmo o mate que eles tomam lá no Rio Grande do Sul é um pouco nosso também. Indústrias ervateiras de lá, que possuem filiais aqui no município, compram a matéria-prima da nossa Região e fazem o chamado blend, adicionando uma porcentagem da erva produzida em São Mateus para deixar o sabor mais suave”.
FEITO NO PARANÁ
Criado pelo Governo do Estado, o projeto busca dar mais visibilidade para a produção estadual. O objetivo é estimular a valorização e a compra de mercadorias paranaenses. Por fim, empresas paranaenses interessadas em participar do programa podem se cadastrar no site.
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