Da Redação
Quedas do Iguaçu – A Araupel fechou o setor de silvicultura que mantinha no município de Quedas do Iguaçu. A empresa atribui essa desativação à ocupação da área de reflorestamento por parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que impede o trabalho da empresa nesse local.
No fim do ano passado, 147 pessoas trabalhavam nessa atividade. Em razão do entrave provocado por ações que não dependem da empresa, os colaboradores foram gradativamente dispensados. Em novembro, houve a demissão dos últimos 37 funcionários responsáveis pelo plantio e manejo florestal, matéria-prima destinada à industrialização. “Além do bloqueio nos acessos da área florestal, a falta de segurança no local não garante a tranquilidade dos trabalhadores da empresa”, disse a empresa..
O diretor de Operações da Araupel, Norton Fabris, afirma que, apesar da grave situação, a empresa segue operando e reforça o compromisso com o desenvolvimento local. Na região, o grupo continua grande empregador. Atualmente, trabalham 991 pessoas na unidade de Quedas do Iguaçu, o que representa cerca de 15% das vagas de trabalho formal no município.
“A Araupel e a sociedade aguardam um caminho seguro para a resolução do problema, pois as invasões estão prejudicando seriamente as operações da empresa. Temos uma história junto à comunidade local, são quase mil vagas de trabalho diretas, sem contar os empregos indiretos, os terceirizados, os fornecedores e toda a economia local fomentada e beneficiada pela geração de renda da Araupel”.
Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, o Paraná registrou mais demissões do que contratações nos últimos 12 meses. De outubro de 2015 a setembro de 2016, o saldo entre contratados e demitidos ficou negativo em 3,1% no estado, desempenho pior do que Santa Catarina (-2,6%) e Rio Grande do Sul (-2,8%) na região Sul. A situação não é diferente em Quedas do Iguaçu. Em setembro, também de acordo com dados mais recentes do Caged, as 253 demissões superaram as 156 admissões em todo o município.
O impacto da invasão das áreas de reflorestamento e do bloqueio à matéria-prima vai além do setor de silvicultura. Somando todas os departamentos, a Araupel reduziu o quadro de funcionários em 15% em Quedas do Iguaçu neste ano com a saída de 176 pessoas. Como comparação do tamanho dessa perda, o governo do estado divulgou com destaque em agosto que uma fabricante de cerveja gerou 85 empregos diretos em ampliação de uma unidade, mas para isso precisou investir R$ 241 milhões.
A madeira cultivada no reflorestamento da Araupel é encaminhada para a fabricação de molduras, painéis e componentes para móveis e construção civil em unidades da empresa. Conforme o diretor, vinham sendo plantados mil hectares por ano, até as invasões do MST restringirem o acesso às áreas de cultivo.
Fabris lamentou as demissões no setor de silvicultura. "Alguns colaboradores trabalhavam conosco há décadas. A manutenção dessas funções se tornou inviável porque as invasões impedem o andamento das atividades. A empresa segurou o máximo que pode, mas agora se viu forçada a tomar essa decisão".