Arqueólogos encontram sítio de pedra lascada em Prudentópolis

Arqueólogos encontram espaço marcado pela ocupação Kaingang (Foto: Espaço Arqueologia)

Prudentópolis levantou a curiosidade de arqueólogos neste ano. No município, há um espaço que foi marcado pela intensa ocupação dos povos Kaingang até o século XIX. O local registra a presença da cultura material conhecida como tradição Itararé-Taquara.

Conforme o geógrafo e mestre em Educação Ambiental, Darci Emiliano, o povo Kaingang se organiza socialmente em dois segmentos ou dualidades, kamẽe kanhru, cada qual com características e habilidades próprias.

Então, na natureza, tudo se relaciona com as marcas kamẽe kanhru; há semelhanças nas pinturas corporais, nas peles dos animais, nas folhas e cascas de árvores. É algo que diz respeito à identidade: o kamẽ usa as pinturas compridas no corpo e também nos artesanatos. Por sua vez, o kanhru utiliza traços circulares no corpo e também nos artesanatos e identifica os animais com suas marcas. Essa dualidade vincula-se à perpetuação de suas tradições. Desse modo, a vida dos Kaingang funciona com base na espiritualidade, que permeia aspectos culturais.

Em Prudentópolis, muito antes da chegada dos primeiros colonos europeus, esses grupos pertencentes ao tronco linguístico Jê, já tinham se estabelecido no Planalto paranaense com os ‘buracos de bugre’, estruturas subterrâneas típicas desta tradição.

Além disso, as aldeias a céu aberto também se faziam presentes, contendo fragmentos cerâmicos e os abrigos com pinturas e gravuras rupestres, o que é diretamente relacionado à cultura do grupo.

ESTUDOS

(Foto: Espaço Arqueologia)

Os arqueólogos também encontraram registros da ocupação de caçadores-coletores e Guaranis. No cenário, a equipe identificou um sítio arqueológico inédito, nomeado Rio dos Patos 1 – referência ao curso d’água de mesmo nome próximo ao local.

Portanto, o que se sabe é que até o momento, é possível afirmar que Prudentópolis tem um sítio arqueológico pré-colonial lítico a céu aberto, com artefatos dispersos na superfície. Assim, identificaram lascas, núcleos, instrumentos bifaciais e fragmentos, que estavam lapidados em diferentes matérias-primas: basalto, arenito e calcedônia.

Os resultados da pesquisa estão em fase de sistematização para envio ao Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), órgão avaliador responsável. Após a análise do relatório, é esperado que a próxima etapa seja a escavação arqueológica, que possibilitará a retirada do material, e, estudo aprofundado.

Por fim, o estudo certamente contribuirá para que se entenda um pouco mais sobre a ocupação humana na Região.

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