Arrecadação de alimentos para moradores de rua cai em 70%

Projeto arrecada para moradores de rua (Foto: Divulgação)

A fome se espalha em tempos de pandemia e se já existia alguém que não tinha o que comer, agora esse número cresce a cada dia. Jogados na invisibilidade social, pessoas que têm a rua como moradia, enfrentam a gravidade do problema ainda com efeito maior.

De acordo com o projeto Vida por Vidas, uma organização não governamental, em Guarapuava a média de pessoas nessa situação chega a 90. Entretanto, se levar em consideração a população itinerante, pode chegar a 400. De acordo com a assistente social Marieli Pedrosa, que coordena o projeto, com a pandemia, a invisibilidade aumentou. “Eles ficavam na avenida Moacyr Silvestri, mas agora estão indo atrás da Rodoviária, na avenida Castelo Branco, e em outros lugares longe do Centro”.

Conforme Marieli, o projeto mantém uma ‘república’ na Vila Carli, onde moram seis pessoas. Há outras duas vagas. Nesse local há o acolhimento de pessoas que estão em processo de saída das ruas e permanecem até a reinserção social e profissionalização. Além disso, o ‘Vidas por Vidas’ oferece também acompanhamento familiar. “Nós encaminhamos para tratamento de uso de álcool e drogas, e quem passa pela instituição recebe atendimento social e psicológico”.

A república permanece aberta para o almoço e higiene pessoal dos que ficam na rua. Contudo, durante a pandemia, as arrecadações caíram em mais de 70%. Em contrapartida, o movimento aumento em mais de 20%, segundo a assistente social. Isso porque com a perda do poder de compra da população, muitas famílias não conseguem mais ajudar algum membro e este acaba indo pra rua. “As famílias não estão tendo mais suporte para atender quem é dependente de álcool ou de droga. É uma situação que cresce a cada dia. Por isso, necessitamos de doações”.

O número de pessoas com fome vai a 19 milhões. Com isso, a insegurança alimentar dispara no Brasil. Agora, são 117 milhões que não comem como deviam. Para se ter uma ideia do grave quadro social, esse número representa mais da metade da população brasileira. E o que é ainda pior: além desses, há ainda 19,1 milhões de brasileiros que efetivamente passam fome. Eles estão dentro de um quadro de insegurança alimentar grave.

Os dados compõem o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan). Conforme o estudo, mais da metade da população está em situação de insegurança alimentar, seja leve, moderada ou grave. Dessa forma, o total passou de 36,7% dos domicílios, em 2018, para 55,2% no final de 2020. E Guarapuava não é uma exceção à regra.