Diariamente, estamos acostumados a estar no lado de cá da notícia, ou seja, divulgando os fatos que aconteçam. Não é raro, darmos conta de casos de vitimas de trotes. Um dos mais comuns é aquele aplicado por presidiários com casos de "falsos sequestros". Pois é! Na tarde desta terça-feira (21), a vítima, ou quase, fui eu. Estava trabalhando concentrada numa matéria quando tocou o telefone. Atendi e ouvi a suposta voz da minha filha. Gritando ela dizia que tinha sido sequestrada. Em seguida a voz truculenta de um homem ameaçava que a mataria, caso não depositasse R$ 20 mil nota. A experiência é horrivel. Você perde a razão, a noção de tudo, é tomada por um desespero sem fim. Indescritível.
Os "sequestradores" se revezam e as ameaças se tornam cada vez mais truculentas. Você perde o raciocinio e se não tiver alguém ao seu lado, faz os que eles mandam. A primeira medida foi "enrolar" quem estava ao telefone tentando confundi-lo. Enquanto isso, alguém ligava para o celular da minha filha e comprovava que ela estava bem. Após receber essa noticia, o próximo passo foi desligar o telefone, mediante várias chamadas insistentes. Enquanto isso, a polícia já tinha sido notificada da tentativa.
O que posso dizer é que mesmo tendo a consciência de que poderia se tratar de um trote, como aqueles que costumamos noticiar, a emoção se sobrepõe à razão e você só se tranquiliza quando vê a pessoa que teria sido sequestrada.
De acordo com o delegado chefe da 14a Subdivisão Policial, Italo Biancardi Neto, o número de sequestros reduziu no País. Mesmo assim, presos do Brasil inteiro possuem uma rede de comunicação interligada que o municiam de informações de um estado para o outro, de um município para o outro, o que facilita golpes como esse.
"A pessoa fica tão fora de si que sai e faz depósitos em contas laranjas", diz o delegado.
Essa afirmação é verdadeira. A primeira coisa que vem à mente quando o valor é solicitado é a vontade de sair correndo e cumprir a ordem dada. Afinal, não há dinheiro no mundo que pague a vida e o bem estar de uma pessoa, ainda mais quando se trata de filhos. Mas é preciso tirar forças das entranhas, fazer a razão voltar. Uma missão nada fácil, mas necessária, para que golpes como esse deixem de fazer vitimas pelo Brasil afora. Entrar no mérito da segurança pública, das falhas do sistema carcerário, etc, etc, é um tema que prefiro não abordar agora, pois iria me alongar, e muito. Ainda mais, porque, as minhas pernas continuam bambas, e as vozes horriveis, ameaçadoras, continuam a fazer eco na minha mente.