22/08/2023
Política

Assembleia debate Plano de Carreira de servidores da saúde

Da redação (com assessoria)-  Servidores da saúde do Estado participaramm na manhã desta quarta-feira (28), na Assembleia Legislativa do Paraná, de uma audiência pública que discutiu a implantação de um plano de cargos, carreira e vencimentos (PCCV), uma reivindicação antiga da categoria. O debate foi proposto pelo deputado Luiz Eduardo Cheida (PMDB) e contou a presença do secretário de Estado da Saúde, Carlos Moreira Júnior, e das deputadas Rosane Ferreira (PV) e Luciana Rafagnin (PT).
Cheida, que é médico, diz que a saúde pública teve avanços com a Constituição Federal, de 1988, mas os avanços tecnológicos que surgiram com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) não resultaram em melhorias trabalhistas. O deputado lembrou que, no Paraná, os servidores da saúde chegaram a conquistar na década de 80 um plano de cargos e carreira, mas que ele acabou extinto pelo Governo do Estado anos depois. Com isso, esses servidores passaram a fazer parte do quadro próprio de funcionários do Estado que engloba setores como de transporte, administração, por exemplo.
“Os profissionais de saúde têm uma rotina de trabalho diferenciada, mais estressante. Por isso, devemos ter um plano de cargos, carreira e vencimentos próprio, que leve isto em consideração”, diz Soraia Reda Gilber, que faz parte da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Estado do Paraná (SindSaúde).
Soraia diz que os servidores reivindicam um PCCV que respeite a carga horária e a especificidade de cada profissão e ainda garanta a progressão e promoção dos trabalhadores. “Embora a lei garanta uma jornada de 30 horas semanais de trabalho, desde 2007, por determinação do ex-governador Roberto Requião, os servidores passaram a fazer 40 horas semanais, sem receberem aumento salarial”, conta. Hoje existem no Estado aproximadamente 8 mil servidores da saúde que atuam em hospitais, hemocentros, unidades de saúdes regionais e no Laboratório Central do Estado (Lacen).
Moreira Júnior, que assumiu a pasta da Saúde neste mês, nomeado pelo atual governador, Orlando Pessuti (PMDB), anunciou aos servidores que já determinou a criação de uma comissão que discutirá as reivindicações junto com a categoria. Serão dois funcionários da Saúde, entre eles o diretor de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Saúde, Gerson Luis Ferreira Filho, e funcionários das secretarias da Administração e do Planejamento. Ele também informou que já solicitou o agendamento de uma audiência com o governador Orlando Pessuti, que ainda terá sua data marcada.
“A melhor forma para se resolver um problema é enfrentá-lo de frente. O Governo tem limitações, mas está com boa vontade de conversar e buscar uma saída. Acredito que será possível avançar”, disse o secretário.
Para os servidores, as duas medidas anunciadas pelo secretário significam um avanço. “Desde 2007, o SindSaúde tenta agendar uma reunião com o Governo do Estado para tratar da questão, mas nunca fomos recebidos pelo então governador Requião”, lembra Soraia.
Licélia Fornazieri, servidora que trabalha em Apucarana, Norte do Estado, é um exemplo do que acontece hoje no setor. Ela ingressou na carreira em 1989, depois de passar em um concurso público, em nível de execução, que exigia nível médio e curso técnico de laboratório. “Desde então fiz faculdade e três especializações, mas nunca pude usá-las para progressão na carreira”, conta. Licélia reclama ainda que, em 2002, chegou a ser rebaixada de cargo e teve o salário reduzido, sem deixar de realizar as mesmas tarefas.

Cristina Esteche

Jornalista

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