Projetos que fazem a diferença na vida de milhares de famílias que vivem no Interior de Guarapuava, ajudam a mudar a visão do pequeno produtor que passa a enxergar a propriedade com ferramenta de transformação. Essa política norteia a Secretaria Municipal de Agricultura em Guarapuava desde o início até a atualidade.
De acordo com o ex-secretário municipal de Agricultura e atual vice-prefeito, Itacir Vezzaro, quando assumiu a Secretaria de Agricultura entre 2013 e 2016, o perfil associativista se aliou ao planejador e ao empreendedor. Com base nesse tripé, a busca foi atingir o resultado que promovesse a qualidade de vida no campo.
A minha experiência como extensionista da Emater me mostrou que o primeiro passo seria aprofundar o contato com os pequenos produtores e ouvir as demandas do setor.
Assim, reuniões com produtores e associações resultaram numa conferência municipal, pautada pelo desenvolvimento social, econômico e ambiental.
De acordo com Itacir, uma das prioridades foi a criação de um programa de assistência técnica sistemática e continuada nas propriedades voltada às questões da produção e da gestão.
Cerca de 900 famílias são atendidas. Ou seja: como administrar a propriedade, com estrutura e pessoal; estimular processos de organização dos produtores em cooperativas e associações.
Conforme Itacir, era preciso promover melhoria nas estradas para que o escoamento da produção com segurança. O acesso à internet, telefonia também surgiram para que a família que vive no campo possa ter comunicação.
SER DONO DA TERRA É FUNDAMENTAL
Conversas com produtores pautou ações da Agricultura (Foto: Assessoria)
Entretanto, o agricultor familiar tem como uma das principais demandas ser dono da área. Além da segurança de produzir na terra que é dele, o agricultor abre a porteira para linhas de financiamentos. Conforme Itacir, a partir disso a capacitação é fundamental para profissionalizar o pequeno produtor e sua família.
Nesse viés, a conscientização do valor da terra e da capacidade que possui leva ao desejo de diversificar a cadeia produtiva, gerando renda e dando sustentabilidade às propriedades rurais. De acordo com Itacir, a partir das necessidades pontuadas, com uma equipe “escolhida a dedo”, houve um planejamento das ações da Secretaria.
Após levantar as demandas, partimos para o planejamento do trabalho nos vários setores de uma vida no campo. Desde a formação da nossa equipe, os recursos financeiros, os projetos que fossem de encontro às necessidades do produtor.
Assim, os vetores para esse desenvolvimento passam pelo plano de regularização fundiária; acompanhamento técnico a agricultores familiares com parcerias entre o município, estado e união; diversificação; agroindustrialização e comercialização.
“Há também uma preocupação com habitação e saneamento rural, por meio de projeto que facilita o acesso ao programa de habitação rural, com a organização em associações, com a agroindustrialização e a colocação dos produtos no mercado. É cadeia produtiva do início ao fim, tendo como meio a melhoria da qualidade de vida do produtor e sua família, também fixando o jovem no campo”.
Conforme Itacir, o grande desafio é diminuir os custos dos produtos da agricultura familiar e, ao mesmo tempo, manter a qualidade. Daí a importância de fazer o planejamento e o controle de produção, que possa ajudar na redução dos custos, tornando viável a produção e poder disputar o mercado com os produtos industrializados e aumentar a renda dos produtores.
NÚMEROS
- Habitação rural: 69 casas construídas num valor de mais de R$ 2.047 milhões aplicados nas obras;
- Readequação das estradas rurais: manutenção, cascalhamento de mais de cinco mil quilômetros de estradas rurais;
- Construção de pontes e bueiros: recuperação de mais de 300 pontes e 450 bueiros em todo o interior do Município;
- Projeto via consórcio intermunicipal: Guarapuava/Pinhão, Patrulha do Campo: 10 máquinas para readequação de duas estradas desde a Palmeirinha até o Baú com 17 quilômetros e estrada desde o Jordão até a Colônia Vitória com mais 15 quilômetros. Além da readequação das estradas fazendo a integração de lavouras para a prática de manejo e conservação dos solos, águas e estradas.
A VALORIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR
Guarapuava é um município cuja base econômica se destaca também pela potencialidade do agronegócio. Afinal, a Região, entre outras culturas, é a maior produtora de cevada do Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral).
Porém, para se ter uma ideia da importância da agricultura familiar, o município conta com 3.400 propriedades rurais produtivas. Dessas, 2.683, o equivalente a 78%, são de agricultores familiares. De acordo com Itacir, elas são responsáveis por 75% da produção diária dos alimentos que vão para a mesa de milhares de pessoas na cidade.
Conforme o vice-prefeito e ex-secretário de Agricultura, para manter os cultivos é necessária a intervenção da administração municipal. “Para melhorar a produção, renda e qualidade de vida dos pequenos agricultores, ampliamos o quadro de técnicos (14) e parcerias”. Surge então o programa ‘Vida Rural’.
O Vida Rural é um programa que abriga vários projetos, entre estes, o incentivo ao associativismo como ferramenta de fortalecimento do setor.
Hoje, são cerca de 42 associações de produtores rurais, nove assentamentos de reforma agrária. Temos também a comunidade quilombola e outras pequenas comunidades. Além de uma cooperativa.
O PODER DA AGROINDUSTRIALIZAÇÃO
A família de Clairton Zorzi mora na comunidade de Monte Alvão, no distrito de Guará. Produzindo leite de primeira qualidade, o produtor porém, entregava o produto ‘in natura’, num cenário que não apresentava perspectivas de futuro para os filhos. Assim, o destino anunciado dos jovens seria a cidade.
Entretanto, um pedido de emprego feito por Clairton ao então secretário Itacir Vezzaro, mudou a vida da família; “Ele queria que arrumasse emprego para o filho que iria casar. Concordei imediatamente e pedi que me recebessem com um café preparado apenas com a produção da família”.
Conforme Itacir, a qualidade do leite, do queijo, do pão caseiro, entre outros produtos colocados à mesa, apontava o futuro do jovem casal: permanecer no campo a partir da agroindustrialização.
Fiz duas viagens técnicas levando o pai e o filho. O resultado foi a organização da propriedade, a qualificação da família, e conseguimos financiamento pelo Pronaf. Hoje os produtos estão nos mercados de Guarapuava; a família aumentou a renda e quase não vence produzir para atender a demanda.
Assim como Clairton, outros produtores investem na transformação dos produtos com a agroindustrialização.
NÚMEROS
- 2 agroindústrias para transformação do leite em queijos coloniais, bebidas lácteas, manteiga;
- 3 agroindústrias de carnes, para a produção de salames, linguiças coloniais, carne de porco na lata, torresmo, etc;
- 5 agroindústrias para transformação das frutas em doces, geleias e compotas;
- 6 agroindústrias para aproveitamento dos produtos da olericultura, com mini processamento de legumes e verduras para aproveitar a produção que não poderá ser comercializado ‘in natura’. Porém, pode ser preparado de forma que o consumidor tenha um produto pronto para ir para a panela de forma rápida, sem desperdício e o agricultor tem uma renda agregada;
- 7 agroindústrias coletivas e individuais na área de panificação, produzindo pães caseiros, broas, bolachas, cuques, e massas.
Conforme Itacir, o resultado satisfatório garante a continuidade do trabalho na Secretaria. “O nosso trabalho para chegar a esse resultado foi com o conceito de que a agricultura para ser sustentável deve garantir às gerações futuras, a capacidade de suprir as necessidades de produção e qualidade de vida às pessoas e, consequentemente, ao planeta”.
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