22/08/2023
Cotidiano Em Alta Guarapuava

Ataque de cães é uma das causas de acidente de trabalho de coletores

Somente em abril, quatro profissionais de limpeza pública sofreram ataques de cães enquanto trabalhavam em Guarapuava

Ataque de cães a coletores em Guarapuava (Foto: Secom/Prefeitura de Guarapuava)

Apenas no mês de abril deste ano, quatro profissionais da limpeza pública foram atacados por animais domésticos em Guarapuava. Conforme a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, o ataque de cães é uma das principais causas de acidente de trabalho de coletores de resíduos no município. Além disso, o problema também afeta carteiros, agentes comunitários de saúde e leituristas de luz e água.

A coleta de resíduos é feita pela Companhia de Serviços de Urbanização de Guarapuava (Surg). A empresa atua em toda a zona urbana e rural da cidade, garantindo o recolhimento de cerca de 150 a 180 toneladas de lixo diariamente. Os caminhões percorrem as ruas da cidade das 8h às 14h e das 18h até 1h.

Ao todo, 97 profissionais trabalham para garantir a limpeza das ruas e o bem-estar dos moradores. No dia a dia eles enfrentam diversas dificuldades, como o descarte de forma irregular e os ataques por cães, que são muito comuns entre os profissionais que trabalham na linha de frente da coleta.

 

Os principais riscos destes ataques envolvem as Zoonoses, doenças transmitidas de animais para humanos, ou de humanos para os animais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as zoonoses são responsáveis por cerca de 2,4 bilhões de casos de doenças e 2,2 milhões de mortes por ano no mundo.

CASOS

(Foto: Secom/Prefeitura de Guarapuava)

O coletor Jonas Coito foi um dos funcionários da Surg atacados no bairro Trianon. O responsável pelo cão deixou o portão aberto e o animal mordeu a perna do profissional de limpeza. O funcionário precisou utilizar uma sacola para se defender, mas mesmo ferido também sofreu ataques do morador.

Neste dia, o próprio dono do cão saiu de casa e me destratou por eu ter me defendido do cachorro, mesmo eu ainda com um ferimento. A gente sabe que o animal não tem culpa, aliás, ele faz isso por instinto, mas a questão é que o morador tinha que ter fechado o portão ou cuidado do cachorro, porque ele sabia que era horário da coleta de lixo.

Emerson Luiz de Matos também tem cicatrizes de ataque. “Bem na hora que eu fui coletar o lixo, o cachorro me mordeu. Eu senti muita dor, mas a culpa foi dos donos que não fecharam o cachorro em casa. Neste dia, o fiscal estava junto, então ele só chegou, orientou o pessoal e me levou para o hospital”.

(Foto: Secom/Prefeitura de Guarapuava)

Com o objetivo de garantir melhores condições de segurança para funcionários que trabalham nas ruas, a Lei 2.850/2018 exige que os criadores ou responsáveis por cães abriguem os animais dentro do pátio. Além disso, também devem fixar uma placa indicando a existência de animal bravo em um local visível. A determinação ainda esclarece que os danos causados por cães são de responsabilidade dos proprietários dos animais.

COMO EVITAR O ATAQUE

  • Fechar o portão no horário da coleta de lixo;
  • Fixar uma placa informando a existência de cão na residência;
  • Instalar a lixeira fora da residência, pois a cesta dentro do pátio deixa o coletor vulnerável.

DESCARTE INCORRETO

Para além do perigo de ataques de animais domésticos, as consequências do descarte incorreto também podem ser graves. Isso porque, cortes por seringas, tubos de ensaio ou cacos de vidro infectados são um grande risco para a saúde dos coletores. Os funcionários fizeram testes com luvas anti-cortes, mas o material reduziu a mobilidade, dificultando a coleta.

De acordo com a coordenadora da coleta na SURG, Silvana Cândido, além dos cães que escapam pelo portão aberto, a localização das lixeiras também causa ataques. Isso porque, muitas delas têm tamanho irregular e ficam próximas ou dentro das residências com muros baixos. Enquanto recolhem as sacolas, os coletores acabam levando mordidas.

A coordenadora afirmou que a conscientização e colaboração dos moradores é fundamental para garantir que os funcionários de limpeza urbana tenham segurança no trabalho. “A coleta de lixo faz parte dos serviços essenciais na urbanização da cidade. É uma atividade fundamental na qual precisa ser investida e valorizada, senão a cidade vira calamidade pública, um lixão a céu aberto”.

Para que esse trabalho seja efetivado de fato, nós precisamos da cooperação dos habitantes, porque nossos coletores correm perigos, tanto em questão de vidros e agulhas descartados de forma errada como os ataques de cachorros, que vêm se tornando cada vez mais comuns.

COMO FAZER O DESCARTE CORRETO

  • Não deixar o lixo em lugares altos;
  • Descartar materiais de vidro, pregos, parafusos, arames, lascas de madeiras, agulhas, seringas descartáveis, dentre outros, em um recipiente resistente como garrafas PET vazias, caixas de leite ou papelão;
  • Enrolar cacos de vidros em jornais e colocá-los dentro de um recipiente, como caixas ou latinhas vazias;
  • Não descartar materiais pontiagudos com o restante dos resíduos. O ideal é separar esses itens em um recipiente resistente.

*Informações da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Guarapuava.

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Mayara Maier

Jornalista

Jornalista, 24 anos, formada pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) há dois anos. Escreve sobre conteúdos diversos e é responsável pela cobertura de jogos do Clube Atlético Deportivo (CAD), equipe masculina de futsal em Guarapuava.

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