22/08/2023
Guarapuava Política

Ativistas reagem à rejeição de projeto sobre LGBTQIA+fobia na Câmara

Membros de movimentos sociais vaiaram os parlamentares. Em resposta o presidente afirmou que "é por isso que não se aprova as coisas gay"

câmara

Na sessão, o público presente vaiou os membros da Casa Legislativa (Foto: Reprodução/YouTube)

*Reportagem com vídeo

A última sessão extraordinária do ano na Câmara de Vereadores rendeu repercussão em Guarapuava. Isto porque, os membros da Casa Legislativa não aprovaram o projeto Substitutivo Global 11/2021, que previa a criação da Semana da Diversidade e combate à LGBTQIA+fobia no município.

Contudo, no momento votação que teve 12 votos contra, membros dos coletivos LGBTQIA+ Bajubá e feminista Cláudia da Silva, que estavam presentes na Câmara acompanhando a votação, vaiaram os vereadores. Em seguida, se retiraram do plenário com frases de “vocês não nos representam”, “Guarapuava coronelista” e “Câmara homofóbica”.

Diante disso, o presidente da Câmara de Vereadores, João Carlos Gonçalves se exaltou. E afirmou que “é por isso que não se aprova as coisas gay”. Na sequência, ele acrescentou: “Me poupe! E se continuar vou encerrar a sessão e chamar os seguranças”.

Veja a polêmica no vídeo abaixo. 

Desse modo, a fala do presidente levantou reflexões sobre o preconceito e questionou o espaço para pautas LGBTQIA+ no parlamento. Mas em entrevista ao Portal RSN, João Carlos Gonçalves afirmou que o projeto precisava ser melhor discutido.

Não é pra tanto, tenho respeito por todos. O que quis dizer é que não se ganha no grito, se ganha no diálogo e na conversa. Não foi aprovado, mas pode voltar na próxima e se discutir melhor. Mas não adianta chamar os vereadores de homofóbicos. Jamais atacaria a causa, tenho um respeito profundo. Tenho amigos gays e héteros e tenho o mais carinho e respeito.

Também em entrevista ao Portal RSN, a vereadora Bruna Spitzner (PODE), uma das autoras do projeto, lamentou a não aprovação. “A votação é reflexo de uma sociedade que não aborda o tema em sua totalidade, que não fala abertamente sobre. Por isso, da importância de termos provocado esse debate: para buscar uma mudança que, sabemos, não virá rapidamente. Essa foi a primeira tentativa e outras virão, com certeza “.

Por outro lado, o coletivo feminista Cláudia da Silva, manifestou nas redes sociais o descontentamento com a posição da Câmara. E declararam que viram a decisão como transfóbica. “Câmara homofóbica, transfóbica de Guarapuava rejeita projeto da semana da diversidade e ainda tentaram barrar a nossa entrada! Lamentável, vergonhoso! Precisam ser eles os rejeitados! Todos os homens foram contrários!”

No entanto, a votação apenas foi simbólica. Dessa maneira, os vereadores não foram chamados separadamente para dizer qual era o voto.

O QUE DIZ NO PROJETO?

De autoria conjunta das vereadoras Prof.ª Bia (MDB) e Bruna Spitzner (PODE), o projeto autorizava a Prefeitura Municipal a criar “políticas públicas para garantir a saúde física e mental da população LGBTQIA+ guarapuavana. Além disso, promover campanhas, eventos e ações de discussões sobre o enfrentamento à violência de gênero”.

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) no Brasil, indica que nesses últimos três anos, 51% das pessoas LGBTQIA+ relataram ter sofrido algum tipo de violência. A motivação diz respeito a orientação sexual ou identidade de gênero. Destas, 94% sofreram violência verbal. Em 13% das ocorrências as pessoas sofreram também violência física.

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Vallery Nascimento

Jornalista

Jornalista formada desde 2022 pelo Centro Universitário Internacional - Uninter. Além do amor pela comunicação, ela também é graduada em Letras com habilitação em inglês. Apresenta o Giro RSN de segunda a sexta, às 18h nas redes sociais do Portal RSN.

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