22/08/2023
Segurança

Audiência expõe carências da segurança pública em Guarapuava

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Por Cristina Esteche com foto de Yorran Barone

O perfil da segurança pública em Guarapuava marcada pela violência que vem sendo praticada em assaltos, estupros no ambiente doméstico, homicídios, violência contra a mulher e outros crimes contra a pessoa e contra o patrimônio ganha evidência durante a audiência pública na noite desta quarta (14), em Guarapuava.

Proposta pelo vereador Cosme Stimer e aprovada pelos demais, a audiência organizada pela  na Câmara  reuniu autoridades da área como o Poder Judiciário, o Ministério Público, as polícias Civil e Militar e o Conselho Municipal de Segurança, o deputado Bernardo Carli, na mesa dos debates. No plenário, vítimas de crimes, em especial, proprietários de pequenas lojas comerciais nos bairros da cidade.

Durante os pronunciamentos ficou evidente a falta de aparelhamento oficial, embora os índices da violência ainda sejam baixos para uma cidade de porte médio. “Desafio uma cidade do porte de Guarapuava que tenha os índices que temos e que ainda são baixos”, disse o promotor Mauro Dobrowolski. “Mas temos que impedir a formação de gangues, de quadrilhas que nos impeçam de entrar em bairros”, defendeu.

Entretanto, a  unanimidade foi de que a violência será coibida a partir de mais policiais civis e militares, da criação da 3ª Vara Criminal, da nomeação de uma titular para a Delegacia da Mulher, entre outras iniciativas descentralizadas.

O delegado chefe da 14ª Subdivisão Policial Alexandre Maciel lembra que é o único delegado para atender um universo de 220 mil habitantes. “Temos falta também de escrivães e de investigadores”, pontuou. “Mesmo assim os inquéritos estão caminhando e a taxa de homicídios reduziu. De janeiro a abril de 2013 tivemos 17,91 homicídios para cada 100 mil habitantes. Neste ano houve uma queda para 15,56 para cada 100 mil habitantes no mesmo período”, afirmou.

Para o tenente Marcelo Veigantes, da Polícia Militar, a violência que está marcando os assaltos e roubos, principalmente, em bairros da cidade, assusta. “São três a quatro pessoas, armadas,  encapuzadas e que agem com violência. Mas estão sendo presos. Já temos 17 detidos e quatro foram colocados em liberdade”, divulgou. Para o delegado Alexandre Maciel, apesar da situação precária da polícia, os crimes contra o patrimônio estão equilibrados. “O importante é que essas pessoas estão sendo presas”, argumentou.

A juíza da 1ª Vara Criminal, Carmen Mondin disse que as deficiências nos efetivos das polícias tem reflexos no trabalho judiciário. “Dependemos da atuação da polícia civil com a instauração de inquéritos e investigações; dependemos da PM  e das prisões em flagrante. Sem essas atuações não podemos aplicar as sanções penais”, afirmou.

Carmen Mondin também defendeu a criação da 3ª Vara Criminal em Guarapuava, com apoio do Ministério Público. “Temos o maior número de distribuição de processos por juiz do interior do Paraná, constatado pelo Tribunal de Justiça. Se tivéssemos mais uma Vara haveria maior agilidade”, ponderou.

Após a explanação das autoridades, o público e vereadores se manifestaram defendendo a implantação de módulos policiais nos bairros, maior número de empregos, educação, instalação de câmeras em pontos críticos, medidas preventivas contra as drogas, projetos sociais nas localidades vulneráveis, acolhimento de pró-egressos. A união das lideranças políticas na defesa da segurança pública de Guarapuava foi defendida durante a audiência.

Cristina Esteche

Jornalista

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