22/08/2023
Educação

Audiência sobre o passe livre movimenta sociedade na tarde de hoje (27)

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Guarapuava – As discussões sobre a implantação do passe livre para estudantes de Guarapuava serão analisadas pela Câmara de Vereadores que poderá apresentar um projeto de lei para implantar esse benefício.
O debate vai acontecer às 17 horas de hoje, sexta-feira, dia 27, na Câmara de Vereadores. O movimento começou quando estudantes aproveitaram a presença do vice-prefeito Jorge Massaro na primeira sessão do ano legislativo e entregaram a ela um documento pedindo o passe livre (foto).
Essa vontade política foi declarada pelo presidente da Câmara, Admir Strechar (PMDB) após a audiência pública chamada por lideranças estudantis na tarde desta sexta-feira, dia 27, com o plenário da Câmara tomado por estudantes e pais.
“Se os militares e os presos quando saem temporariamente da prisão são beneficiados com o gratuidade do passe, por que não conceder esse benefício a quem é o futuro da nação?” questiona. “Esse é um direito constitucional”, ratifica.
A adoção do modelo, já aprovado por Legislativos Municipais de várias cidades
paranaenses, principalmente Maringá, será defendida pelos representantes do movimento estudantil da cidade e pelo presidente da União dos Estudantes Secundaristas (UPES), Rafael Clabonde, de Curitiba.
O diretor da UPE (União Paranaense dos Estudantes), Luan Chagas é um dos responsáveis pela organização da audiência pública, e será um dos oradores da tarde.
Ele vai esclarecer que o objetivo da manifestação – apartidária e independente – é que as tarifas para os estudantes sejam extintas.
Ele sustenta que a mudança é possível se o transporte coletivo for municipalizado. “A exemplo de outras tantas cidades como Maringá, Campo Grande e Rio de Janeiro, queremos também que os estudantes de Guarapuava tenham seu transporte garantido”, antecipou à Rede Sul de Notícias.
Em Cascavel, por exemplo, o passe livre já foi instituído e o subsídio é gerado pela cobrança do IPVA, que rendeu R$ 17 milhões aos cofres da prefeitura em 2008. O investimento do município com essa gratuidade gira em torno de R$ 1,6 milhão por ano.
Já em Maringá,o benefício é estendido para 43% dos 63 mil estudantes, maiores de 6 anos de idade, matriculados em instituições escolares, que morem a uma distância mínima de 1,5 mil metros de onde está matriculado.
Em Guarapuava a proposta que será discutida durante a audiência pública será que a utilização de tributos – parte do ICMS e ISS através de isenção para empresas – o investimento em publicidade nos ônibus (busdoor), a substituição gradativa do óleo diesel pelo biodiesel e gás natural, que aumenta vida útil da frota e não polui -, as multas coletadas pelo EstaR (Estacionamento Regulamentado), parte de recursos do Fundo de Manutenção, entre outras alternativas, formem um fundo que bancaria o passe livre. “Se trata num investimento na educação”, defende.
O Centro de Atividades Estudantis de Guarapuava, Samuel da Silva, defende a reivindicação alegando que “o transporte coletivo não deve ser fonte de lucro para a iniciativa privada, principalmente quando não há concorrência”.
Para Samuca, como é conhecido, muito mais do que o transporte escolar, o passe livre vai proporcionar outros benefícios para as famílias de baixa renda. “Essa luta é dos estudantes e também do pai do estudante. Temos mães que se mandarem os filhos para a escola de ônibus não tem o que dar de comer a esses filhos” declara.
Segundo ele, uma família que gasta com transporte, poderia investir essa quantia em alimentação, atividades culturais, medicamentos, saúde e educação. “O passe livre vai beneficiar os jovens que hoje abandonam as escolas, porque a maioria se localiza no centro da cidade. Muitos moradores da periferia abandonam os estudos para trabalhar e não podem pagar o transporte. Por isso, o passe livre também ajudará a diminuir a evasão escolar”, assinalou Luan.
O gerente da Pérola do Oeste, Ruy de Camargo e Silva Junior, considera legítimo o movimento em favor do passe livre, mas disse que alguém sempre acaba pagando pela gratuidade.
Ruy lembra que a empresa já implantou a gratuidade para idosos e portadores de necessidades especiais, extensivos a acompanhantes em caso que requerem esse apoio.
Para o presidente da Câmara, Admir Strechar essa possibilidade da discussão em torno de temas de interesse da comunidade, como é o caso em questão, é um sinal de avanço na sociedade brasileira e inicia o ciclo de debates de iniciativas populares que está sendo proposto pela Câmara.
“O que queremos é mais debates como este aconteçam. Essa é a nova postura da Câmara”, ratificou.
Defensores de que o Legislativo se consolide como a “Casa do Povo”, os vereadores João Napoleão, Nélio Gomes da Costa, Sadi Federle lembraram que há pouco tempo reivindicações como essa seriam classificadas como impossíveis.

Cristina Esteche

Jornalista

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