22/08/2023
Agronegócio

Aumenta procura para compra de veículos pelo programa Trator Solidário

A procura dos agricultores familiares do Paraná para compra de veículos pelo programa Trator Solidário, do Governo do Estado, está aquecida, segundo avaliação da Secretaria da Agricultura. No período de janeiro a junho deste ano foram concluídos os processos para entrega de 550 novos tratores até o início de setembro. Somando a outros 1.500 veículos que já estão no campo, trabalhando, serão 2.050 tratores entregues desde que o governador Beto Richa autorizou a retomada do programa em agosto de 2011.

Com a participação direta do Estado no processo de negociação de preços com os fabricantes, o programa está proporcionando uma economia de R$ 30,6 milhões aos agricultores familiares beneficiados com o programa.

O balanço foi apresentado pela direção da New Holland ao secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, e do diretor-presidente do Instituto Emater, Rubens Niederheitmann, que acompanharam na empresa, em Curitiba, o processo de fabricação dos tratores na linha de montagem. A empresa tem capacidade para montar 100 unidades por dia e atende todo o mercado brasileiro e da América Latina.

Segundo o diretor comercial da New Holland, Luiz Feijó, novas demandas estão se formando e mais propostas são encaminhadas para aprovação, refletindo o mercado de máquinas bastante aquecido no País, considerando os bons resultados de três safras consecutivas. “Com isso cresce o interesse dos agricultores em investir em novas tecnologias e na modernização de máquinas e implementos”, afirmou.

Desde agosto de 2011, os agentes financeiros liberaram financiamentos para o programa Trator Solidário que somam R$ 137,47 milhões. Se os agricultores beneficiados fossem comprar esses mesmos veículos a preços de mercado teriam que desembolsar cerca de R$ 168,1 milhões. Essa diferença vem sendo aplicada em melhorias na tecnologia de plantio, comercialização, moradia e diversificação na propriedade.

Para o secretário Norberto Ortigara, esse é o grande ganho do programa, que não aparece diretamente, mas está embutido na redução do valor do trator. Segundo o secretário, o programa representa também um avanço de cunho social porque promove a modernização da mecanização agrícola na pequena propriedade agrícola, a melhoria na qualidade de vida, o aumento da produtividade e ajuda a fixar os jovens no campo.

Ortigara acompanhou a montagem do trator em todas as fases do processo desde o corte da chapa de aço utilizada nos componentes de fabricação, a seleção das peças e a ponta final da linha de fabricação, o veículo acabado. Ele renovou o compromisso do Governo do Paraná com os parceiros e pediu mais ousadia para que a meta de entrega seja efetivamente superada. O secretário atribuiu o sucesso do programa à sua boa execução por todos os parceiros, que têm os papéis bem definidos e trabalham com integração.

O modelo operacional do programa já está sendo adotado por outros países, comentou o diretor comercial Luiz Feijó. Ele atribuiu esse interesse aos ganhos de produtividade e qualidade nos sistemas de cultivos e também o alcance social por beneficiar as pequenas propriedades.

GERÊNCIA

 

O programa é gerenciado por um comitê gestor, presidido pelo secretário da Agricultura. O comitê debate, discute e propõe formas de encaminhamentos para solução de problemas técnicos, operacionais e de modernização do programa. O programa é executado em parceria pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, Instituto Emater, Banco do Brasil, Sicredi, Cresol, BRDE e Agência de Fomento.

PROGRAMA

 

Pelo programa Trator Solidário os agricultores familiares conseguem comprar um trator por um preço, em média, 20% abaixo dos preços praticados no mercado. O agricultor familiar faz a inscrição nos escritórios locais da Emater que também é encarregada do projeto técnico. O Comitê Gestor aprova a proposta e encaminha ao agente financeiro escolhido pelo produtor. O financiamento sendo aprovado pelo banco é imediatamente comunicado à empresa, que após a fabricação faz a entrega aos beneficiários. De maneira simples e ágil os produtores conseguem comprar um veículo pelo preço atual de R$ 66.950,00 para a unidade com 75 CV de potência, traçado 4×4.

Se o agricultor fosse ao mercado comprar o mesmo equipamento, teria que desembolsar entre R$ 82 mil a R$ 85 mil. A New Holland é reconhecida pelos produtos de qualidade que coloca no mercado. A seleção e o projeto técnico são feitos pelos técnicos dos escritórios locais da Emater, que enviam a documentação dos produtores para aprovação de financiamento. Os recursos do financiamento são do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Além do benefício do preço os produtores têm garantia da equivalência- produto em milho, pois o valor total do financiamento (principal+juros) é dividido pelo preço mínimo do produto, atualmente estabelecido em R$ 17,46 a saca. Assim ele sabe quantas sacas de milho precisa vender no mercado para pagar a parcela.

O Governo do Paraná realiza o pagamento da equivalência com recursos do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), gerenciados pela Agência de Fomento, complementando o valor da parcela devida, sempre que o produtor vender o milho no mercado e, não conseguir o valor fixado no financiamento. Atualmente, a agência tem recursos assegurados acima de R$ 6,5 milhões em recursos do Tesouro do Estado, disponíveis para bancar a equivalência em produto milho aos agricultores, caso haja essa necessidade.

Com esse aparato técnico e engenharia financeira o programa é estável e o produtor consegue planejar toda sua dívida, sem sobressaltos, sabendo exatamente quando será a parcela que terá pagar durante todo o financiamento. Ele tem 10 anos para pagar o trator, com dois anos de carência, e juros anuais de 2% ao ano. As parcelas a serem pagas são anuais.

Os critérios para enquadramento no programa são os mesmos do Pronaf, ou seja, o agricultor deve ter uma renda bruta anual de até R$ 360 mil, propriedade no máximo de quatro módulos fiscais, que no Paraná correspondem a 50 hectares, em média. Além desses requisitos os produtores devem estar adimplentes (não devedor) com todos os tributos estaduais perante a Secretaria Estadual da Fazenda e a Agência de Fomento.

Cristina Esteche

Jornalista

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