O policial militar Tony Silvério Muniz Júnior será julgado pela morte do jovem Saulo Filipin, ocorrida há quatro anos. Porém, o julgamento será pela Justiça Militar e não em júri popular, como pretendia a família da vítima. É que o juiz Adriano Scussiatto Eyng acolheu o pedido do Ministério Público e concluiu que o crime se tratou de homicídio culposo, ou seja, quando não há a intenção de matar.
Entretanto, o advogado da família Filipin, o criminalista Marinaldo Rattes, disse que vai recorrer. “Entendo que o homicídio foi doloso, conforme a denúncia feita pelo Ministério Público”. Conforme o criminalista, segundo a denúncia oferecida pelo MP no dia 23 de novembro de 2018, Tony teria agido dolosamente. Ou seja, atirou com a intenção de matar.
Porém, meses depois, o Ministério Público se pronunciou e desclassificou o crime para culposo. Ou seja, quando o autor não tem a intenção de matar, embora corra o risco. Conforme o artigo 18, inciso II, o autor está pautado na imprudência, negligência ou imperícia. De acordo com dona Lorete Filipin, mãe de Saulo, a desclassificação do crime é uma injustiça para a família.
“Perdemos um filho de 21 anos, por um disparo intencional do policial. Só por que ele usa farda e tem uma arma nas mãos tem o direito de sair matando?”, questiona a mãe ao Portal RSN. “Sei que um júri popular não vai trazer meu filho de volta e nem vai amenizar a saudade, mas nos dará um conforto ao saber que a justiça está sendo feita”.
Conforme a mãe de Saulo, a realidade fica ainda mais doída. “Esse policial está livre, trabalhando e meu filho está morto. Por isso, esse crime não pode ficar impune. Não pode ser julgado pela Justiça Militar porque vai prescrever e ficar impune. Não queremos que isso aconteça com outras famílias”.
FAMÍLIA TEMIA A DESCLASSIFICAÇÃO
No dia 17 de setembro de 2019 um manifesto nas redes sociais chamava uma mobilização em Guarapuava. Era justamente contra a possibilidade de desclassificação do crime de doloso para culposo. Em frente ao Fórum Desembargador Guarita Cartaxo amigos e familiares da vítima tentaram sensibilizar o Judiciário para a manutenção do júri popular. O que acabou não ocorrendo.
O jovem Saulo Filipin foi morto em 2016 em Turvo, com um tiro na cabeça. O disparo foi desferido pelo policial militar Tony Silvério Muniz Júnior na madrugada de 23 de julho de 2016. Era por volta da 1h, na rua Otto Rickli, no Centro da cidade.
Saulo dirigia o veículo VW Gol Vermelho, quando o policial fardado, disse que viu um carro “fazendo manobras perigosas”. Assim, após ter pedido para que Saulo parasse, o jovem deu marcha a ré em sua direção. Imaginando que seria atropelado, Silvério contou que deu voz de abordagem gritando “parado, polícia’’.
Em seguida, conforme o processo o policial deu o primeiro tiro em direção ao solo. Então, colocou um dos pés sobre o para-lama do carro da vítima. E atirou novamente. Porém, esse disparou foi fatal e atingiu a cabeça do jovem.
“Como um tiro dado no chão pode atingir a cabeça de alguém?”, pergunta a mãe de Saulo.
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