O inverno foi marcante para a população de Guarapuava e região. O frio intenso, as constantes geadas e principalmente a neve atraíram os olhares de todo o país para a cidade. Os moradores da região não esquecem o cenário europeu que a neve deixou durante alguns dias. Contudo, certamente muitos produtores rurais ficaram preocupados com a imagem dos campos brancos de neve. “Tínhamos tudo para perder a lavoura. Tivemos um inverno atípico com várias intempéries climáticas como: períodos de estiagem, com excesso de chuva, neve e até mesmo a geada negra,” declarou Leandro Bren, coordenador de Assistência Técnica e Pesquisa da Agrária.
Os dias passaram… A neve derreteu. Chuvas, geadas e vendavais passaram pela região e, enfim, o período de colheita chegou e com ele expectativa de uma boa safra. “Tivemos uma safra de inverno tão boa ou melhor do que em 2008, um ano considerado bom para nós. A expectativa é colhermos cerca de 3.500 quilos de trigo por hectare e 4.000 de cevada nesta safra,” explicou Bren.
A explicação para esta boa média de produção está na pesquisa e no desenvolvimento tecnológico para a área da agricultura. “Com estas pesquisas podemos ter um melhor cultivo, na melhor época e com um melhor controle sobre a lavoura, tendo assim menos riscos” disse Bren.
Foto: Leandro Bren comenta sobre as pesquisas realizadas pela Fapa
É em busca dessas novidades para o setor, que milhares de pessoa estiveram no 10º Wintershow, o maior evento sobre culturas de inverno do páis e que aconteceu nos dias 16, 17 e 18 na Fapa (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária), em Entre Rios.
As interferências climáticas e a safra
Entre as atrações da feira, a palestra do meteorologista do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), Renato Lazinki, foi uma das que mais chamou a atenção dos produtores que compareceram ao evento, demonstrando a preocupação do homem do campo com o clima.
De acordo com Lazinki, o receio é fundado já que as interferências climáticas são variáveis que não se podem controlar e determinam o sucesso ou o fracasso da produção. "O clima sempre é uma grande preocupação do homem do campo. O agricultor tem controle, com a tecnologia existente, sobretudo da porteira para dentro. Mas o fator que ele não pode controlar na lavoura é justamente o clima. Por isso trago estas informações, para que o agricultor tenha uma ideia do que ele vai encontrar pela frente e possa tomar algumas medidas para se prevenir de um eventual prejuízo causado por adversidades climáticas".
Entre as informações trazidas pelo meteorologista, destaca-se o período de neutralidade climática, sem interferências de fenômenos como El niño, o que significa grandes variações de temperaturas e chuvas inconstantes. De acordo com as previsões do meteorologista, este tipo de clima deverá durar até o final da safra de verão, que poderá sofrer com períodos de estiagem.
As previsões meteorológicas, aliás, tem sido cada vez mais precisas e auxiliam os produtores, mas para se ter acesso a essas informações e tecnologias há a necessidade crescente de pesquisas e investimento no setor. O Projeto Radar, da Fapa, é um exemplo disso. Com estações meteorológicas instaladas no campo, a Fundação consegue ter mais informação sobre o clima e, assim, maior controle sobre a produção.
Com tudo isso, nem mesmo a neve espantou os pesquisadores. “Trabalhamos o clima de forma cíclica, ou seja, eventos que acontecem hoje acontecerão novamente daqui a 35 anos. Tivemos no passado neve e geada negra por aqui e sabíamos que poderia se repetir,” comentou Bren.
Doenças
Outra grande preocupação dos produtores é com relação às doenças que atingem as lavouras e prejudicam a produção. Palestras sobre o tema e uma infinidade de produtos contra essas doenças também tiveram espaço garantido no Wintershow.
Entre os destaques estão às novas sementes pesquisadas pela Fapa. Menos suscetíveis a doença do Oídio, as sementes tem um potencial produtivo mais elevado, em cerca de 10 % em relação a outras variedades.
A Embrapa também trouxe novidades que prometem deixar a safra mais tolerante ás doenças que atacam as culturas de inverno. Nos estandes das empresas agrícolas a procura por defensivos, fungicidas, entre outros, chamou a atenção.
Além dos produtos adequados para proteger a produção, é necessário o equipamento correto para a aplicação desses produtos e nesse quesito o Wintershow foi show. Grandes e potentes máquinas que prometem mais agilidade, segurança e praticidade ao produtor rural estiveram expostos na feira. Ao final de cada dia, uma dinâmica de máquinas atraia os olhos dos produtores. A tecnologia desses equipamentos foi um dos pontos altos do evento.
É graças a todos estes avanços que os produtores da região, o Wintershow e a Agrária têm estado cada vez mais no centro do cenário agrícola brasileiro e fazendo com que Guarapuava não seja somente lembrada pelo branco da neve, mas também pelos seus campos verdejantes e pelos trigais dourados a balançar.