Ainda curtindo meus merecidos dias de férias, ontem (22) recebi a visita de um casal de amigos que seguia viagem rumo ao litoral paranaense.
Amigos há tempos, conheço toda a trajetória de vida dos dois. Crescemos juntos, estudamos juntos, mas não seguimos a ideologia política juntos.
Até poucos dias, ela era insuportável defensora dos direitos humanos. "Estão abusando com ele! Olhe o meio onde nasceu e cresceu! É fruto da sociedade! Tem direitos…" E por ai vai a lista de frases decoradas sempre usadas na defesa dos "fracos e oprimidos".
Ocorre que na última semana eles foram visitar o irmão dela, no Mato Grosso. Ele também cresceu comigo e fez fortuna no ramo de vestuário, com várias fábricas de confecção espalhadas pelo Brasil.
Porém, no primeiro dia de visita eles foram assaltados e todos, quatro adultos e três crianças, foram feitos reféns. Os assaltantes usaram de muita violência, chegando a agredir as crianças para assustar o empresário para que ele desse o dinheiro que eles queriam.
Foram 16 horas de pânico.
Após o assalto a polícia foi acionada e os marginais presos. As vitimas foram à Delegacia e identificaram um por um dos cinco assaltantes.
A revolta deles ocorreu porque na Delegacia os assaltantes já estavam com a família, com advogados e com tratamento especial. Não eram pobres, e sim filhos de produtores rurais bem sucedidos e de empresários. Queriam dinheiro para pagar dívidas com traficantes.
Foram liberados alguns dias depois.
Ela chora ao contar a história.
Eu, inocentemente, perguentei: E A TUA DEFESA FERRENHA PELOS DIREITOS HUMANOS?
Ela sem hesitar respondeu: "BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO".
Podem me sacrificar pelo que sempre disse, digo e sempre direi. A DEFESA DO SER HUMANO PELOS MARGINAIS VAI ATÉ O DIA EM QUE ALGO ACONTECE COM A TUA FAMÍLIA.
Enquanto um assalto, um sequestro ou até algo mais violento, como uma morte, não acontece com alguém da própria família, não entendemos a dor que uma pessoa que passa por isso está sentindo.
Contei o fato devido ao aumento tremendo nos índices de violência na região. E entendo ser mais que oportuna essa discussão.
Antes que me questionem, sim já fui vitima da violência. Meus pais, irmãos e sobrinhos foram vitimas de sequestro em Marechal Cândido Rondon. Minha mãe morreu algum tempo após o fato, vitima de enfarte agudo. Ela nunca mais teve paz, e sempre via vultos rondando a casa à noite. Todas as pessoas passaram a ser suspeitas para ela.
Sugiro a todos que sofrem violência que busquem auxilio profissional. É necessário. Ninguém consegue superar sozinho esse trauma.