22/08/2023

Bandido bom é mesmo bandido morto?

Ainda curtindo meus merecidos dias de férias, ontem (22) recebi a visita de um casal de amigos que seguia viagem rumo ao litoral paranaense.

Amigos há tempos, conheço toda a trajetória de vida dos dois. Crescemos juntos, estudamos juntos, mas não seguimos a ideologia política juntos.

Até poucos dias, ela era insuportável defensora dos direitos humanos. "Estão abusando com ele! Olhe o meio onde nasceu e cresceu! É fruto da sociedade! Tem direitos…" E por ai vai a lista de frases decoradas sempre usadas na defesa dos "fracos e oprimidos".

Ocorre que na última semana eles foram visitar o irmão dela, no Mato Grosso. Ele também cresceu comigo e fez fortuna no ramo de vestuário, com várias fábricas de confecção espalhadas pelo Brasil.

Porém, no primeiro dia de visita eles foram assaltados e todos, quatro adultos e três crianças, foram feitos reféns. Os assaltantes usaram de muita violência, chegando a agredir as crianças para assustar o empresário para que ele desse o dinheiro que eles queriam.

Foram 16 horas de pânico.

Após o assalto a polícia foi acionada e os marginais presos. As vitimas foram à Delegacia e identificaram um por um dos cinco assaltantes.

A revolta deles ocorreu porque na Delegacia os assaltantes já estavam com a família, com advogados e com tratamento especial. Não eram pobres, e sim filhos de produtores rurais bem sucedidos e de empresários. Queriam dinheiro para pagar dívidas com traficantes.

Foram liberados alguns dias depois.

Ela chora ao contar a história.

Eu, inocentemente, perguentei: E A TUA DEFESA FERRENHA PELOS DIREITOS HUMANOS?

Ela sem hesitar respondeu: "BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO".

Podem me sacrificar pelo que sempre disse, digo e sempre direi. A DEFESA DO SER HUMANO PELOS MARGINAIS VAI ATÉ O DIA EM QUE ALGO ACONTECE COM A TUA FAMÍLIA.

Enquanto um assalto, um sequestro ou até algo mais violento, como uma morte, não acontece com alguém da própria família, não entendemos a dor que uma pessoa que passa por isso está sentindo.

Contei o fato devido ao aumento tremendo nos índices de violência na região. E entendo ser mais que oportuna essa discussão.

Antes que me questionem, sim já fui vitima da violência. Meus pais, irmãos e sobrinhos foram vitimas de sequestro em Marechal Cândido Rondon. Minha mãe morreu algum tempo após o fato, vitima de enfarte agudo. Ela nunca mais teve paz, e sempre via vultos rondando a casa à noite. Todas as pessoas passaram a ser suspeitas para ela.

Sugiro a todos que sofrem violência que busquem auxilio profissional. É necessário. Ninguém consegue superar sozinho esse trauma.

Cristina Esteche

Jornalista

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