Nem o recuo no crescimento da economia brasileira no primeiro e segundo trimestres deste ano nem o cenário eleitoral devem fazer o Comitê de Política Monetária (Copom) baixar os juros nesta quarta feira (3), segundo aposta maciça dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central na semana passada. A crença é de que os juros básicos da economia serão mantidos em 11% ao ano pela terceira reunião seguida do Copom.
A decisão do BC sobre os juros será anunciada após as 18h, ao fim da reunião.
A taxa Selic está no patamar mais elevado desde o final de 2011. Também está acima do que vigorou no início do mandato da presidente Dilma Rousseff, em 2011 – quando estava em 10,75% ao ano.
O economista da RC Consultores, Marcel Caparoz, avalia que o juro elevado é um recurso necessário para conter a pressão da inflação. "Embora tenha a recessão técnica, com a economia perdendo dinamismo, a inflação continua pressionada", explica.
Recessão técnica é um termo usado por economistas para quando um país registra dois trimestres com PIB negativo, caso do Brasil, de acordo com os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na última sexta (29).
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o crescimento da economia.
"O IPCA ["inflação oficial"] está rodando em 6,5% em doze meses [até julho]. O BC precisa fazer com que essa inflação passe a convergir para o centro da meta, que é 4,5%. O aumento dos juros para segurar demanda por consumo é um remédio um pouco amargo, mas necessário para que inflação convirja para o centro da meta", analisa Caparoz.