O vinho de Bituruna conquistou a mais nova Indicação Geográfica (IG), na modalidade Procedência, do Paraná. Assim, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu o registro, reconhecendo que o produto tem características únicas que o diferenciam de outros vinhos.
Desse modo, quatro vinícolas que formam a Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Bituruna (Apruvibi) podem se apresentar ao mundo ostentando o selo. São elas as vinícolas Bertoletti, Sanber, Di Sandi e Dell Monte.
De acordo com o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o selo prova a qualidade do produto do Estado.
O vinho paranaense, de uma forma geral, tem conseguido destaque nacional e internacional em vários eventos de premiação. O que faz dele um dos mais respeitados por enólogos e pelos consumidores. Assim, a Indicação Geográfica de Procedência para os produzidos com a uva de casca dura de Bituruna é mais uma das provas de que esse é um segmento forte no Estado.
HISTÓRIA
A história do vinho em Bituruna começou em 1940, com a chegada de imigrantes do Rio Grande do Sul na ainda Colônia Santa Bárbara. Os avós de Claudinei Bertoletti, proprietários de uma das vinícolas beneficiadas, estavam entre eles. “Os nonos trouxeram algumas mudas do Rio Grande e naturalmente houve uma mutação, que originou essa uva casca dura”.
Desse modo, esse cruzamento passou por um acompanhamento de melhoria genética e pela industrialização a partir de práticas artesanais. Conforme Bertoletti, que também preside a Associação dos Vitivinicultores do Paraná (Vinopar), a casca dura tem a baga mais arredondada, mais amarelada e o aroma é mais intenso e com acidez menor.
A princípio, a fruta era usada para licores e como adição em cachaças. No entanto, o vinho resultante dela se sobressaiu e conquistou paladares apurados. “É uma uva diferente, transmite ao vinho um paladar, um equilíbrio de acidez único, e por isso que a gente pleiteou para ser uma IG e ter o reconhecimento. Já era uma IG de fato, agora somos uma IG de direito”.
PRODUÇÃO
A produção do vinho segue um caderno de regras técnicas. Isso porque, por ser uma uva com pouco mosto, há necessidade de três quilos para se produzir um litro de vinho. Mais que a bordô, que é dois por um, e bem superior à necessidade da niágara, que produz um litro com 1,4 quilo.
Dessa forma, a produção das quatro vinícolas contempladas com a IG chega, em média, a 60 mil garrafas por ano. “Estamos tentando ampliar os vinhedos, mas do preparo do solo, plantio das uvas até chegar à taça de vinho é uma caminhada de quatro a cinco anos”.
A conquista de Indicação Geográfica de Procedência contou com o apoio do Sebrae, da Prefeitura de Bituruna e de produtores da Região. “Mostramos a nossa cara para o mundo, que aqui a gente produz um vinho com qualidade, tradição e história”.
Bituruna sedia anualmente, entre julho e agosto, a Festa do Vinho, que atrai milhares de turistas. Além disso, em 2020 o Governo do Estado concedeu ao município o título de Capital do Vinho.
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