Apenas com a roupa do corpo e dois itens de sobrevivência, o biturunense Paulo Ricardo Claus vai percorrer a Travessia do Cassino no Rio Grande do Sul. Para turistar? Conhecer? tirar férias? Não. O desafio ‘Largados no Cassino’ vai fazer com que 12 participantes tentem sobreviver como os homens da antiguidade tendo que coletar, pescar para comer, assim como procurar água para beber e dormir ao relento. Tudo isso percorrendo 30 quilômetros por dia, entre os dias 12 e 21 de abril.
Como é um desafio de sobrevivência terei que aprender a sobreviver em um dos ambientes mais hostis que existem. Algo que se equivale a um deserto, o maior abismo horizontal do mundo. Terei que aprender a passar sede até o próximo ponto de coleta de água, aprender a passar fome até que o grupo consiga pescar algum peixe ou coletar algum marisco, e apesar disso continuar a andar até chegar ao ponto de acampamento. Aprender, sobretudo a não ficar louco, isso porque o desafio é grande para um sobrevivencialista, para mim é maior ainda porque estou caindo de paraquedas nesse mundo.
DESAFIO
A Travessia do Cassino já foi considerada uma das maiores praias do mundo e até fez parte do Guinness Book. São 230 quilômetros de faixa contínua de areia, onde os grupos terão a resistência física e psicológica testada diante do deserto, vento, a umidade, a falta de água e de comida. O desafio é promovido pela empresa Via Radical Brasil, que tem como fundador o coronel Marcelo Montibeller Borges.
Os 12 integrantes vão estar divididos em três grupos com os nomes dos faróis daquela Região: Albardão, Sarita e Verga. Eles serão deixadas no local com a roupa do corpo e dois itens de sobrevivência da escolha deles. Se engana quem pensa tudo isso vai valer a pena por um prêmio em dinheiro, pois os vencedores não terão premiação. Paulo é empresário e vai deixar todo o conforto, o trabalho, a esposa e o filho de quatro anos para viver uma das aventuras mais radicais.
Estou iniciando a minha preparação física, mas mentalmente já nasci preparado. Nem tudo na vida é dinheiro. Meu prêmio será a vitória de conquistar um desafio que talvez nem 0,01% das pessoas do mundo pensam em passar. Meu prêmio é ter essa façanha para contar para os meus netos e ver a admiração nos olhos deles. Sair da rotina de uma vida repetitiva que o trabalho nos proporciona é a melhor das terapias, e acima de tudo, algo que o dinheiro não compra. Tem que ser conquistado. Nossos antepassados apenas andavam, caçavam e coletavam. Então isso ainda está presente no nosso código genético. Participar de um desafio desses é como retornar às origens.
SONHO ANTIGO
O trajeto vai iniciar nos molhes de Rio Grande do Sul e os participantes precisam chegar aos molhes da Barra de Chuí. Assim, eles podem totalizar oito dias de isolamento, em um dos maiores abismos horizontais do planeta. De acordo com Paulo, o maior desafio será a privação das necessidades básicas como água, comida e uma boa noite de sono. Mas correr riscos e tentar a sobrevivência é um dos grandes sonhos do biturunense, desde que viu uma experiência pelo Youtube.
Desde aquele dia eu coloquei na minha cabeça que um dia faria uma aventura do tipo. Passou um tempo e tive a oportunidade de passar de carro por esse lugar, de Chuí até a cidade de Rio Grande, quase o dia inteiro viajando pela areia, com somente o mar pela direita e o deserto pela esquerda, nada mais. Dessa forma a praia me desafiou de verdade a um dia percorrê-la da forma como faziam os nômades na antiguidade. Nessa oportunidade. inclusive, fiz um resgate de um grupo de cinco caminhantes que se viram em maus lençóis durante o percurso.
PRÓXIMO DESTINO
Paulo ainda conta que um dia por acaso apareceu para ele nas redes sociais o anúncio do Coronel Montibeller e ele decidiu participar. Essa travessia terá assistência médica, acompanhamento e até seguro. Mas apesar disso é um desafio de nível hard, o mais difícil já promovido pela agência. O desafio terá um monitoramento diuturnamente via satélite, e a empresa vai acompanhar os participantes por drones e equipes de instrutores da Via Radical Brasil.
Pretendo terminar o desafio sem sombra de dúvidas, nem que seja me arrastando. O grupo é forte e são parceiros, disseram que ninguém vai desistir e que se for preciso carregarão os caídos. É uma chance de me conhecer melhor, responder perguntas que estavam perdidas no meio dos pensamentos mundanos e talvez até se encontrar com Deus no meio desse processo. Acontece alguma coisa inexplicável no nosso psicológico que quebra nossa mente, e a gente sai de lá outa pessoa, diferente daquela que começou. Se eu me identificar com esse mundo sobrevivencialista, provavelmente irei querer participar de outros parecidos.
E o aventureiro nem começou um desafio e já pensa no próximo. Para ele o grande objetivo é percorrer o caminho de Santiago de Compostela. De acordo com ele, são cerca de 800 quilômetros caminhando na península ibérica rumo à igreja de mesmo nome na Espanha. “Tudo o que me fez querer fazer essa travessia do Cassino é inspiração do que eu pesquisei a respeito desse caminho de Santiago”.
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