22/08/2023
Economia

Brasil anuncia novo acordo automotivo com a Argentina

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que os governos do Brasil e da Argentina assinaram nessa quarta feira (11), em Buenos Aires, um novo acordo automotivo para vigorar de 1º de julho próximo a 30 de junho de 2015.

Com o novo acerto, o Brasil destrava o comércio entre os países, que enfrentava dificuldades desde o ano passado, mas, para vender mais veículos e autopeças sem imposto para o mercado argentino, terá de importar mais.

O novo documento estabelece que, para cada US$ 1,5 milhão em carros e peças vendidos para a Argentina, sem imposto, o Brasil terá de comprar US$ 1 milhão do país vizinho, também sem o tributo. É o chamado regime flex. O que passar disso terá alíquota de 35%.

Mas as cotas anteriores, que expiraram em 2013, eram mais favoráveis à indústria brasileira. Elas permitiam a venda de US$ 1,95 milhão em carros e peças ao mercado argentino para cada US$ 1 milhão importado.

"A proporção está dentro dos níveis históricos de comércio efetivamente realizado entre os dois países no período de vigência do atual acordo", informou o Ministério do Desenvolvimento. Procurada pelo G1, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que participou da negociação, diz que não vai se pronunciar por ora.

Apesar de grandes fabricantes como Fiat, General Motors (dona da Chevrolet) e Volkswagen terem fábricas também na Argentina, o Brasil exporta mais carros para lá do que importa.

Em 2013, segundo números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do governo federal, foram vendidos 475,2 mil veículos ao mercado argentino e 380,1 mil foram trazidos de lá. Em valores, no entanto, as exportações para a Argentina somaram US$ 6,65 milhões contra os US$ 7,07 milhões das importações. Vêm de lá modelos como Renault Clio, Chevrolet Agile, e Ford Focus.

A Argentina é o maior mercado para o Brasil no exterior, recebendo 3/4 dos veículos que saem do país, e as dificuldades para o comércio, que ocorriam desde o fim do ano passado, contribuiram para a queda nas vendas da indústria automobilística neste ano.

Com isso, a produção nacional foi reduzida e as principais montadoras instaladas no Brasil anunciaram períodos de férias coletivas ou suspensão de contratos durante este primeiro semestre.

Nos quatro primeiros meses de 2014, segundo a Anfavea, as vendas de veículos para o exterior caíram 31,9%, em relação ao mesmo período do ano passado, de 164,3 mil unidades para 111,9 mil. Entre janeiro e abril deste ano, o Brasil vendeu, nos mercados interno e externo, 1,11 milhão de carros, caminhões e ônibus, montante 5% menor do que o 1,16 milhão do primeiro quadrimestre do ano passado.

Apesar de que o atual acordo entre os dois países só terminaria no fim do mês, as cotas de importação e exportação de veículos já não estavam valendo desde julho de 2013, quando passou a virgorar o livre comércio, com limitações por parte do governo argentino.

A Argentina chegou a anunciar, no início deste ano, uma redução de até 27,5% nas importações de automóveis no primeiro trimestre de 2014 com o objetivo de incentivar a produção local. O país enfrenta dificuldades econômicas e tem adotado, nos últimos meses, medidas para conter a saída de dólares de sua economia.

Cristina Esteche

Jornalista

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