22/08/2023
Brasil Economia

Brasil encerra 2025 em equilíbrio delicado entre crescimento e risco fiscal

Dólar despenca e desemprego atinge mínima histórica: Brasil fecha 2025 com otimismo nos números e cautela na política monetária

Dólar (Foto: Carlos Severo/Fotos Públicas)

O cenário econômico brasileiro encerra o ano de 2025 com sinais ambíguos, mesclando indicadores positivos no mercado de trabalho com uma política monetária ainda restritiva. No último pregão do ano, nesta terça (30), o dólar à vista apresentou forte queda: de 1,44%, sendo cotado a R$ 5,49 por volta de 12h32. Simultaneamente, o Ibovespa avançava 0,48%, atingindo 161.255,51 pontos. Trata-se de um reflexo de um otimismo moderado nos mercados financeiros.

De acordo com o mercado financeiro, o movimento de valorização do real ganhou impulso com a divulgação dos dados da PNAD Contínua. Esses dados do IBGE apontam queda na taxa de desemprego para 5,2% no trimestre encerrado em novembro. Conforme analistas, esse é o menor patamar desde o início da série histórica, em 2012. A população ocupada atingiu um recorde de 103 milhões de pessoas, com rendimento médio também recorde de R$ 3.574. Ainda assim, a informalidade permanece alta, em 37,7%. Esse cenário, de acordo com analistas, revela a persistência de fragilidades estruturais no mercado de trabalho.

TAXA SELIC

A melhora nos indicadores de emprego, embora positiva, reforça a expectativa de que o Banco Central mantenha a taxa Selic em patamares elevados por mais tempo. A taxa básica de juros segue em 15,00% ao ano, uma das mais altas do mundo. Com isso, aumenta a atratividade do chamado carry trade. Trata-se do movimento de capitais internacionais em busca de rendimento superior. Favorece a entrada de recursos externos e pressiona o dólar para baixo.

No cenário internacional, os investidores monitoram a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, que encerrou dezembro com um corte de juros. E reduzindo a taxa para a faixa entre 3,50% e 3,75%. A diferença de juros entre Brasil e EUA amplia o apetite por ativos brasileiros, mesmo em um ambiente de risco.

CONCLUSÃO

Apesar dos números recordes no mercado de trabalho e da valorização do real, a economia brasileira fecha o ano com uma estrutura ainda vulnerável. A inflação segue sob vigilância, o crédito continua caro, e o crescimento é puxado por fatores de curto prazo, como consumo e entrada de capital especulativo. O elevado custo do dinheiro trava investimentos de longo prazo, e o ciclo de juros altos pode, eventualmente, minar a força do mercado de trabalho se não houver uma retomada mais robusta do crescimento produtivo.

Além disso, o peso da informalidade revela uma recuperação assimétrica, onde os ganhos de produtividade e qualidade do emprego ainda não acompanham o volume de ocupações criadas. A sustentabilidade desse cenário dependerá, em 2026, de reformas estruturais, maior estabilidade fiscal e clareza na condução da política econômica.

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Cristina Esteche

Jornalista

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