domingo, 4 de mai. de 2025
Blog da Cris Guarapuava

Câmara reorganiza o jogo e assume o comando

A proposta aprovada transfere à Mesa a decisão sobre pedidos de dispensa de interstício, com base em critério técnico

Sessão da Câmara (Foto: DirCom Câmara)

Discreta, mas decisiva. Assim pode ser descrita a proposta da Câmara Municipal de Guarapuava que transfere à Mesa Diretora o poder de decidir, com base em critérios técnicos, sobre pedidos de dispensa de interstício. Em termos políticos, trata-se de uma ‘jogada de mestre’ do Legislativo, que não apenas reposiciona a função institucional, como também redefine a dinâmica do poder local.

Analisando mais profundamente o Projeto de Resolução votado na sessão dessa quarta (22) percebo que uma das mudanças no Regimento Interno, aprovado pela unanimidade dos vereadores, representa uma virada estratégica no tabuleiro político da cidade. Em vez de seguir sob pressão constante de pautas urgentes, muitas vezes enviadas pelo Executivo, a Câmara agora estabelece uma linha de controle. Ou seja: urgência, sim, mas com justificativa; tramitação acelerada, talvez, mas com critérios e decisão interna. Quem dita o ritmo agora é a própria Câmara.

‘PÉ DE IGUALDADE’

A medida não nega a importância da colaboração entre os poderes, mas garante que essa relação ocorra em ‘pé de igualdade’. Ao se proteger institucionalmente por meio do rito, o Legislativo também se protege politicamente. Isso porque a Mesa Diretora passa a ser mais do que condutora de sessões. Em outras palavras, torna-se curadora da pauta, estrategista do tempo e guardiã do processo de transparência.

Esse novo desenho fortalece o Legislativo em duas frentes. Primeiro, internamente, ao consolidar uma estrutura de decisões mais técnica e coesa. Depois, externamente, ao demonstrar que a Casa tem voz própria, peso político e capacidade de deliberar com independência. O ‘filtro’ criado pela proposta não apenas organiza. Mas qualifica o que chega ao plenário e valoriza o tempo do debate.

SINAL DE PODER

Num cenário em que o tempo político é capital, assumir o controle do próprio ritmo é sinal de poder. E poder, no parlamento, se constrói com método, regimento e decisão. Por isso, a mudança não é menor: é uma movimentação precisa, digna dos bons tabuleiros da política, onde os grandes lances acontecem em silêncio, mas com efeitos profundos.

Portanto, no meu entendimento, a Câmara de Guarapuava se posiciona, enfim, como protagonista. E nesta jogada, quem ganha é a institucionalidade, a democracia local e a clareza sobre quem tem, e deve ter, a condução legítima do processo legislativo.

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Cristina Esteche

Jornalista

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