22/08/2023


Geral

Campanha de doação de leite materno pretende aumentar 15% o número de doadoras

"Quando você doa leite materno, doa vida para um bebê e  força para a mãe". Esse é o lema da campanha 2014 de doação de leite materno, lançada ontem (22) pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).

De acordo com o ministro, apesar do aumento no número de doadoras verificado desde 2008, entre 2012 e 2013 houve uma redução de 12%. “Nós precisamos aproveitar essa semana em que em todo o Brasil se realizam atividades relacionadas ao aleitamento materno e aos bancos de leite humano, [para pedir] que as mulheres que possam, que tenham amor à vida, solidariedade a outras mães e a outros bebês que precisam de leite humano, se cadastrem para ajudar a salvar mais vidas, a fazer brasileirinhos e brasileirinhas mais saudáveis em todo o país”, reforçou o ministro.

A doação de leite é apontada como um dos fatores fundamentais para a queda da mortalidade na infância no Brasil. A taxa caiu de 18,9 mortes por mil nascidos vivos, em 2010, para 17,9, em 2011, o que fez o Brasil alcançar o objetivo do milênio antes do prazo, 2015.

Uma das madrinhas da campanha desde ano, Rany Souza, mãe da Isabela, que nasceu no dia 28 de março, diz que a pequena precisou de leite doado por 15 dias. “Assim que ela nasceu, ela foi direto para a cirurgia, eu não pude dar leite para ela e o meu peito secou, então nesse momento eu não pude amamentar. Então o banco de leite ajudou bastante. Eu fiz translactação [técnica usada para reintroduzir o aleitamento no peito] e agora eu já consigo amamentar, as meninas do banco de leite ajudaram, ensinaram a fazer a massagem no peito para estimular”.

O ministro Chioro lembrou que o Brasil é a referência mundial em termos de banco de leite humano. “Países como França, Portugal e Espanha adotaram o modelo brasileiro e vieram aprender conosco. Na África, estamos fechando termos de cooperação técnica a pedido da Organização Mundial da Saúde”, citou.

De acordo com o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, a tecnologia brasileira foi desenvolvida no SUS e hoje está sendo exportada também para os Estados Unidos.

“A Rede de Bancos de Leite Humano representou toda uma riqueza de tecnologias e logística da constituição desses bancos de leite, qualquer um deles tem o mesmo padrão tecnológico, o mesmo padrão de qualidade do leite que é fornecido, ele desenvolveu tecnologias baratas para tornar acessível e possível de reproduzir dessa experiência não só no Brasil mas em países do continente africano, que tem também dificuldade de recurso, e também a logística do campo da informação”.

Criada em 1985, a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR) conta hoje com 214 bancos de leite e 134 postos de coleta em todos os estados, a maior do mundo. Por ano, são recolhidos 160 mil litros de leite, que beneficiam 175 mil recém-nascidos internados em unidades de terapia intensiva e semi-intensiva.

O coordenador da rede e do programa ibero-americano de bancos de leite, João Aprígio, explica que o Brasil é referência também nos protocolos de atenção à mãe e ao bebê. O país tem animado uma campanha para a criação do Dia Mundial da Doação de Leite Humano, 19 de maio, já comemorado no Brasil e em outros 22 países.

“O Brasil, nessa sua posição de vanguarda, de inovação, capitaneou um trabalho muito bonito, que é da criação do Dia Mundial da Doação do Leite Humano, o Brasil foi o primeiro a ter um dia nacional, comemorado em 2004. A partir de 2010, com o Fórum de Cooperação Internacional que o Brasil realizou, essa data passou para 19 de maio, que foi quando o Brasil produziu o primeiro documento internacional sobre doação de leite humano. Agora nós temos vários países da América Latina, hispânicos, na Europa, comemorando conosco o 19 de maio”.

Durante o lançamento da campanha desta ano, também foi apresentado o  curso à distância do Sistema de Controle de Qualidade da rBLH, que será feito por todos os funcionário de bancos de leite do Brasil e de países parceiros. Foi lançado também o primeiro Prêmio Jovem Pesquisador da Rede de Bancos de Leite Humano, dirigido a graduandos e profissionais com até dez anos de formados, para incentivar trabalhos que possam contribuir para o fortalecimento das ações.

Cristina Esteche

Jornalista

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