A médica Yisbet Bebert Diaz, trabalhou na UTI do Hospital São Vicente, entre 2016 e 2018, em Guarapuava. Porém, diagnosticada com câncer de mama, ela passou de médica a paciente. E na sexta (31) ela foi a primeira a entrar na Unidade II do São Vicente, na Cidade dos Lagos, iniciando o atendimento no Câncer Center. “Grande parte do meu tratamento de químio e rádio e hormonioterapia fiz pelo SUS no meu querido hospital São Vicente de Paulo, aonde sempre me senti muito bem acolhida”.
De acordo com a gerente de Enfermagem da Oncologia, Denise Drambroski, desde o dia da abertura estão sendo recebidos uma média de 10 a 15 pacientes por dia. Por enquanto, o atendimento nesta primeira etapa limita-se à entrega de medicação via oral. Entretanto, durante esta semana será concluída a migração de todos os pacientes que vêm sendo atendidos na Unidade I do São Vicente, no centro da cidade. “Os equipamentos estão todos no Câncer Center. Estamos apenas readequando alguns processos”.
Conforme a médica Yisbet, o câncer é um diagnóstico doloroso e desestabiliza a vida dos pacientes. “Porém, não é um bicho-de-sete-cabeças quando você tem tantas pessoas acolhedoras e humanas ao seu lado para caminhar juntos e não deixar desistir do tratamento”.
Ela diz que é grata a todos, desde médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais, recepcionistas, farmacêuticos, nutricionistas, auxiliares de limpeza, cozinheiros. “A todos meu muito obrigada. Agora, no Câncer Center tenho certeza que os pacientes vão receber com muita alegria este ambiente novo, com instalações modernas e equipamentos de última geração, sem perder o calor humano e o amor dos nossos profissionais da antiga instituição. Deus abençoe a todos”
O CÂNCER CENTER
O Câncer Center está sendo administrado pelo Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, de Guarapuava, e pelo Hospital Erasto Gaertner, de Curitiba, referência nacional para o tratamento dessa doença. O prédio reúne os laboratórios de pesquisa genética e as cabines para a quimioterapia. A ala de atendimento ocupa o térreo do edifício. Foram entregues seis leitos de observação, sala de emergência e cinco consultórios. No primeiro andar ficam as instalações do IPEC, cuja missão é desenvolver pesquisa genômica e oferecer formação em medicina de precisão.
Entretanto, o hospital e a radioterapia estão em construção. O primeiro será destinado ao atendimento de pacientes moderados e graves e terá 100 leitos. Desses, 20 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de um centro-cirúrgico. A radioterapia é inédita em Guarapuava e responde uma demanda antiga da população.
Conforme o prefeito Cesar Silvestri Filho, o Governo do Estado já investiu cerca de R$ 20 milhões por meio da Secretaria de Estado da Saúde. Há, ainda um aporte de R$ 11,5 milhões sendo negociados para tomografia. Assim, os recursos aplicados desde 2018 se somam a investimentos do governo federal, de emendas parlamentares estaduais e federais. Além de recursos da prefeitura de Guarapuava, da Câmara Municipal e do setor privado.
A MEGA-ESTRUTURA
O complexo responde a uma necessidade de primeira ordem da Região Central do Estado, que é a ausência de uma estrutura robusta contra o câncer e foi concebido aos poucos. A ideia original previa ampliação do atendimento de quimioterapia do Hospital São Vicente de Paulo. Essa instituição atende cerca de 10 mil pacientes por mês em todas as especialidades. Além de 1,2 mil pacientes com câncer.
Conta ainda com a construção de uma nova ala para radioterapia depois da conquista de equipamentos com o governo federal. Mas o que nasceu no Centro como rascunho de modernização logo migrou para o bairro Cidade dos Lagos a fim de ocupar mais espaço. Porém, em 2008 o ex-deputado federal Cezar Silvestri conseguiu R$ 12 milhões do Ministério da Saúde para iniciar a construção desse centro de radioterapia.
Nessa mesma época, o município foi contemplado com um acelerador linear dentro de um programa federal de expansão da oferta de equipamentos para tratamento contra o câncer. O prédio original do Vicente de Paulo é de 1913 e já não havia como contemplar tamanha ousadia. O final da década passada e o começo desta também marcam a entrada do empresário Odacir Antonelli em cena.
Ele é o presidente do Conselho Gestor do Câncer Center, grupo encarregado de colocar de pé as obras. Também foi o responsável pela doação do terreno no mega-bairro que reúne o Hospital Regional de Guarapuava, um shopping, um campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), e, futuramente, prédios executivos e outras clínicas médicas particulares.
ARTICULAÇÃO
Nesse ínterim, médicos do Vicente de Paulo, liderados pelo cirurgião e professor David Livingston, se articularam com os provedores da unidade, autoridades, setor privado, a Associação Comercial e Empresarial de Guarapuava (ACIG) e a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Criou-se então um instituto de pesquisa sobre o câncer. A ideia é de 2012, mas ele foi oficializado apenas em 2019.
E o que era uma ampliação mais tímida, ainda que extremamente fundamental, virou um grande complexo com quatro especialidades conectadas em dois prédios. Isso porque além da radioterapia, da ampliação da quimioterapia e do IPEC, os provedores do Hospital São Vicente de Paulo resolveram investir em um novo Hospital do Câncer.
Todavia, segundo Huberto José Limberger, provedor do São Vicente de Paulo, ainda faltam cerca de R$ 90 milhões para terminar todo o projeto do Câncer Center.
RICARDO BARROS CONHECE A UNIDADE
Nesse sábado (1), o ex-ministro da Saúde Ricardo Barros visitou a unidade para a qual destinou R$ 1 milhão quando estava no ministério. Ele foi acompanhado pelo prefeito Cesar Silvestri Filho, pelo ex-secretário municipal de Saúde Celso Goes, pelo empresário Odacir Antonelli, entre outras autoridades.
Conforme o prefeito, o Câncer Center atenderá mais de 500 mil pessoas de 20 municípios da Região e que deverá ser referência nacional na área de tratamento e pesquisa sobre o câncer.
“Esse Centro é um feito inédito, um projeto ousado e audacioso que inspirou lideranças políticas de todas as frentes para somar, para fazer com que isso se tornasse realidade. Tínhamos um projeto que era importante para a Região, histórico para Guarapuava e um grande desafio em que temos condições de ser referência nacional. Foi graças a isso que conseguimos unir todas as forças que tem propósitos bons para a cidade”.
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