22/08/2023
Agronegócio Região

‘Capital do Mel’, Prudentópolis busca obter a Indicação Geográfica

Trata-se de registro conferido a produtos ou serviços, no caso, o mel, que são característicos do local de origem

Abelha

Mel: Prefeito Osnei Stadler em reunião com apicultores (Foto: Ascom/Prefeitura de Prudentópolis)

Prudentópolis é um município que não para nunca. A roda que move o desenvolvimento, mesmo em tempo de pandemia, dispersa energia e busca alternativas também para a sustentabilidade da agricultura familiar. Dessa forma, o município que já tem. denominação de a ‘Terra das Cachoeiras Gigantes, Capital da Oração, maior produtor de feijão preto do País, ‘Capital do Mel’, agora encontra-se num processo para obter a Indicação Geográfica.

Conforme a Dayanne Louise do Prado, responsável pelo projeto, trata-se de registro conferido a produtos ou serviços característicos do local de origem. Essa ‘marca’ lhe atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, distinguindo-o em relação aos similares disponíveis no mercado. “São produtos que apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer”.

E tudo isso o município possui. De acordo com o projeto, são 140 produtores congregados na Associação Prudentopolitana de Apicultores e Meliponicultores (APAM). “A produção de mel é de extrema importância para a nossa Região. E somos um dos maiores produtores do estado de mel produzido por abelhas sem ferrão”.

‘JATAÍ’ PREDOMINA

Abelha Jataizinho (Foto: Reprodução/Youtube)

Embora o município conte com outras espécies de abelha, a predominância é da ‘jataizinho’. “São abelhas sociais, seus ninhos possuem cerca de 2 mil a 5 mil abelhas. A construção se dá em ocos variados em muros de pedra, tijolos vazados e ocos de árvores”.

De acordo com especialistas, essa espécie fabrica mel de consumo humano com alto valor agregado em relação ao Apis. E podem contribuir para a polinização de morango, cenoura, pimenta doce, dentre outros.

Conforme Dayane, o diferencial é que a produção de méis em Prudentópolis é classificada como multifloral ou polifloral. Ou seja, obtém-se o produto a partir de diferentes origens florais, em uma Região do bioma Mata Atlântica.

Mel puro (Foto: Reprodução/Facebook)

A composição única e diferenciada de nossos méis deve-se a vários fatores. Com área territorial de 2.257,711 km², o município está em 799m acima do nível do mar, tem um clima quente e temperado. E existe uma pluviosidade significativa ao longo do ano. Prudentópolis tem uma temperatura média de 17.9 °C. Pluviosidade média anual de 1563 mm.

Além disso,  segundo a Secretaria de Estado da Agricultura, Prudentópolis congrega o maior número de minifúndios do Paraná. São aproximadamente 12 mil estabelecimentos de exploração rural, com envolvimento direto de 8.000 UPF (unidade produtiva familiar).

Conforme a Seab, em 2019, a produção de mel em Prudentópolis, foi de 340 mil quilos gerando uma receita de R$ 4.005.199,91. Assim sendo, em relação a produção no Estado, a participação de Prudentópolis correspondente ao ano de 2019 ficou em 4,12%.

RECONHECIMENTO INTERNACIONAL

O produtor premiado pelo Ministério da Agricultura, Rafael Latyke (Foto: Secretaria Municipal de Agricultura/Prudentópolis)

Desde 1980 a cidade é conhecida como ‘Capital do Mel’. Título este que encontra respaldo nas diversas pesquisas feitas, inclusive por professores da USP, junto ao apiário do apicultor Carlos Chociai (já falecido). Essa produção ganhou um prêmio no Japão pela qualidade e produtividade do mel. Outro prêmio concedido pelo Ministério da Agricultura, se refere ao produtor Rafel Latyke, em 1981.

Além de agregar renda ao pequeno produtor, quer seja em produção compartilhada com outros projetos, ou como única fonte de renda, a produção de mel tem outros benefícios. De acordo com a defesa no projeto para a Identificação Geográfica, ainda contribuiu com a sustentabilidade e conservação do meio ambiente.

Utilizando-se dos exemplos de produtos famosos do mundo, que devem o sucesso e notoriedade à Região em que são produzidos, nossa Indicação Geográfica reconhecerá o fator humano representado pelo conhecimento e o saber fazer dos apicultores, herdados em sua grande maioria dos imigrantes europeus.

Os fatores naturais da vegetação e características geográficas do município que são únicas também se destacam. O que possibilitam a produção de méis de qualidades igualmente únicos e diferenciados. “Dessa forma, acreditamos que a Indicação Geográfica, como uma forma de direito de propriedade intelectual coletiva, protegerá nossos produtos e ajudará a estimular o desenvolvimento econômico”.

PREFEITURA APOIA OS PRODUTORES

De acordo com produtores, a Secretaria Municipal de Agricultura promove assistência técnica, viabilização de recursos, elaboração de projetos. Entretanto, o trabalho junto com a Secretaria de Meio Ambiente se dá no repasse de mudas do Horto Florestal. Trata-se de projeto para a manutenção e recomposição da pastagem apícola.

Todavia, há também a parceria com a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Desde 2007, a Unicentro desenvolve projetos extensionistas e pesquisas relacionadas à apicultura no município em parceria com a APAM e demais atores institucionais.

Assim, dentre alguns resultados alcançados, citam-se a construção de duas unidades de extração de mel nas localidades de Papanduva de Baixo e Tijuco Preto.

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Cristina Esteche

Jornalista

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