A morte do engenheiro Hemerli Kasnoka, durante uma competição esportiva em Guarapuava, traz à tona uma questão cada vez mais discutida entre profissionais da saúde e atletas. Trata-se da importância dos exames médicos antes da prática esportiva e as causas que podem levar à morte súbita no esporte.
Hemerli, de 35 anos, disputava no sábado (15) a 4ª Corrida de MTB Beer’s. Durante a prova, ele sofreu um infarto. Apesar de receber atendimento e ficar internado em hospital, morreu na madrugada de terça (18).
De acordo com o cardiologista Rodrigo Crema, a morte súbita em atletas não é um fenômeno raro. Estima-se que cerca de 1 em cada 5o mil atletas jovens (com menos de 35 anos) morram subitamente durante a prática de atividades físicas. “Essa possibilidade aumentou após a covid. As inflamações, além dos pulmões, afetaram também o coração”. Conforme o médico, uma gripe, por exemplo, pode ter inflamado o coração e terem restado sequelas. “Cerca de 95% volta ao normal, mas outros ficam com ‘sequelinhas’ e desconhecem essa condição”
Por isso, uma das principais causas desse tipo de tragédia, conforme pontua Crema, é a falta de exames médicos regulares antes de iniciarem a rotina de treinos intensos ou competições. A maioria dos atletas amadores ou iniciantes, como no caso do homem de Guarapuava, frequentemente ignora ou adia exames cardiológicos específicos. “O eletrocardiograma (ECG) e o teste ergométrico podem identificar possíveis doenças do coração que, muitas vezes, permanecem sem diagnóstico até que um evento fatal aconteça”.
CAUSAS
O caso ocorrido em Guarapuava, portanto, evidencia a urgência em se adotar uma abordagem mais preventiva. De acordo com Rodrigo Crema, embora a prática esportiva regular seja benéfica à saúde, ela pode ser perigosa para pessoas que possuem condições cardíacas não diagnosticadas. “Surgem aí arritmias ou cardiopatias, que aumentam o risco de morte súbita durante o esforço físico”.
Entretanto, há outras causas, sendo as mais comuns as doenças cardíacas. De acordo com o cardiologista, a Miocardiopatia Hipertrófica é, por exemplo, uma das doenças mais comuns associadas à morte súbita em atletas jovens. É caracterizada pelo aumento anormal das células musculares do coração, o que dificulta a circulação sanguínea adequada.
Muitas vezes, essa condição não apresenta sintomas evidentes e só é detectada em exames específicos.
As arritmias cardíacas, ou as alterações no ritmo do coração, também podem ser fatais. “Ocorrem especialmente quando um atleta está em atividades físicas que exigem esforço intenso”. Além dessa, há a doença arterial coronária, causada pelo estreitamento das artérias do coração. As doenças arteriais congênitas também estão entre as causas, entre outras.
Além das condições cardíacas, outros fatores podem contribuir para a morte súbita, como desidratação, desequilíbrios eletrolíticos, uso de substâncias proibidas (como anabolizantes), e até mesmo a prática excessiva sem o devido acompanhamento, conforme já ressaltado pelo cardiologista.
Passei pela Lagoa das Lágrimas nessa terça (19) e estava lotada de pessoas praticando exercícios físicos. Quantas delas fizeram um exame antes de praticar atividades físicas? Provalmente, nenhuma.
Assim sendo, é importante que os atletas, mesmo aqueles de fins de semana, sejam orientados por profissionais da saúde a respeito dos limites durante a prática esportiva. O aquecimento adequado, hidratação, e a moderação nos treinos são pontos que devem ser levados a sério por todos que buscam o esporte como parte de seu estilo de vida.
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