22/08/2023


Agronegócio Política

‘Carta de Guarapuava’ pede menor tarifa para o pedágio

Audiência pública sobre o novo modelo de concessão do pedágio resultou em documento com pauta de reivindicações

audiencia

Em Guarapuava, uma das maiores representatividades (Foto: Secom/Prefeitura)

Guarapuava patrocinou uma das maiores audiências públicas em representatividade no debate sobre o pedágio. Assim, nesta quinta (18), 15 deputados estaduais e Aliel Machado (federal) estiveram na Câmara de Vereadores. Todavia, outros 10, além do senador Flavio Arns, prestigiaram de forma virtual. Prefeitos da Região e lideranças da sociedade local também atenderam o chamado da Frente Parlamentar sobre o Pedágio, da Assembleia Legislativa do Paraná.

De acordo com o coordenador da Frente Parlamentar sobre o Pedágio, Arilson Chiorato (PT), lideranças entregaram uma carta assinada por 30 instituições. Conforme as manifestações, a unanimidade se mostrou contrária ao modelo de leilão híbrido de outorga onerosa. Além desse item, o documento contém uma série de apontamentos em relação à modelagem apresentada pelo Governo Federal. Entretanto, uma das principais exigências no documento trata da eliminação do sistema de outorga, a duplicação total da BR-277. Além da execução de obras principais durante o primeiro quarto de tempo de contrato. E ainda a garantia à execução dessas obras, melhorias e intervenções nos trechos urbanos e rurais. Assim como a redução do degrau tarifário, além de outros pontos.

Prefeito Celso Góes (Foto: Secom/Prefeitura)

Entretanto, no começo da audiência, o anfitrião do encontro, o prefeito de Guarapuava, Celso Góes, foi o primeiro a falar. Conforme disse o prefeito, a Região não suporta mais os altos preços de tarifas e falta da execução de obras. “Esses preços nos custam muito e já ceifou muitas vidas por causa da falta de duplicação e obras. Não podem enfiar goela abaixo mais um contrato como esse que temos hoje e depois esperar mais 30 anos para mudar”.

PARTICIPAÇÃO É FUNDAMENTAL

Coordenador da Frente Parlamentar, Arilson Chiorato (PT). Foto: Junior Guimarães/RSN)

De acordo com o coordenador da Frente Parlamentar, deputado Arilson Chiorato (PT), a participação da sociedade civil organizada se torna fundamental para o futuro do estado. “Não tem como falar do novo pedágio sem falar do modelo atual. A única chance da sociedade paranaense se manifestar sobre esse tema é essa. Porque depois são 30 anos de contrato não vai dar para reclamar mais. Precisamos debater esse custo para o estado, porque o pedágio encarece os produtos produzidos no interior e que são transportados dentro do nosso estado. Este custo não pode mais continuar alto”.

Jorge Derbli, prefeito de Irati (Foto: Secom/Prefeitura)

Conforme o prefeito de Irati, Jorge Derbli, é preciso exigir um novo tipo de contrato e regras em relação às obras previstas no contrato. “Acredito que seja interessante uma tarifa básica, para o dia a dia da rodovia. E conforme as obras forem sendo executadas, a tarifas seriam reajustadas de maneira justa. Por que temos que pagar antes essas obras?” Para o prefeito de Inácio Martins, Júnior Bento, que preside a Amcespar, o pagamento feito pelo contribuinte, deve destinar um percentual para as associações.

Todavia, para o ex-prefeito de Guarapuava, Fernando Ribas Carli, é necessária uma regra para que o fluxo de veículos nas rodovias que cortam a região seja mais transparente. “Se passam pelos municípios da região, por que não os municípios não podem recolher impostos das empresas”?

“A REGIÃO TEM A MAIOR PRODUÇÃO POR METRO QUADRADO”

Já para João Cavalheiro, presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Guarapuava, o pedágio é preciso. “Porém, não com que esse preço que querem empurrar para todo o povo paranaense. Os caminhoneiros gastam mais de pedágio do que de combustível de Guarapuava até Paranaguá”.

Claudio Azevedo, presidente da Sociedade Rural de Guarapuava (Foto: Secom/Prefeitura)

Para o presidente da Sociedade Rural de Guarapuava, Claudio Azevedo, o assunto do pedágio é de extrema importância para os produtores rurais da região. “Somos do campo e dependemos da BR-277. Nos últimos anos acompanhamos de perto o atual contrato e digo que é hora de brigar pelo preço mais baixo e fazer uma licitação da maneira correta, com obras sendo realizadas no tempo certo”.

Fazendo coro aos demais entrevistados, Rodolpho Botelho, presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, disse que a sociedade da Região anseia por preço justo e obras. “Nós temos aqui na região a maior produção agrícola por metro quadrado e precisamos escoar nossa produção. E o pedágio nos custa muito”.

“NÃO SUPORTAMOS MAIS”

O custo alto para o transporte  relatado por representantes de federações e sindicatos mostram a dura realidade. De acordo com o presidente da Fetranspar, Coronel Sérgio Malucelli, .trata-se de um valor que encarece o produto. E que poderia ser investido no desenvolvimento regional. “São as empresas de transporte que pagam a metade do pedágio no Paraná. Não suportamos mais as tarifas altas. Não aceitamos o modelo outorga onerosa. Queremos uma tarifa justa e nunca ao degrau tarifário”.

De acordo com João Paulo Drewinski, do SindusMadeira, o setor movimenta cerca de 100 mil m³ de madeira na Região e metade vai para importação. “São duas mil carretas por mês para o Porto de Paranaguá. São R$ 750 de pedágio ida e volta, R$ 1,5 milhão por mês e R$ 18 milhões por ano. Esse dinheiro deixou de ser investido na Região.

“SENTIMOS NA CARNE”

Celso Garais, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Guarapuava, disse que o preço do pedágio atinge a classe trabalhadora. “Sentimos na carne esse alto custo do pedágio. Tudo fica mais caro. Essa tarifa precisa ser baixada e a duplicação de toda a BR-277”.

Reniele Matiollo (Foto: Secom/Prefeitura)

Já para a representante da Comunidade do Rio dos Mortes, Reniele Matiollo, a rodovia divide a comunidade. “Não tem passarela e nem um trevo, e isso atrapalha a vida dos nossos produtores”.

Conforme Paulo Pinto, da Coprosel, a duplicação da BR-277, os viadutos e as trincheiras são obras que precisam ser feitas num primeiro momento dos novos contratos”. Entretanto, l. Geraldo Mendes, do Movimento Viaduto Já, lembrou que há mais de 30 anos se espera um viaduto em Laranjeiras do Sul. “E acreditamos que este seja o momento ideal para solicitar um total de quatro viadutos nas rodovias que cortam a cidade”.

Deputados e outras autoridades (Foto: Secom/Prefeitura)

PAUTA DE REIVINDICAÇÕES

– Suspender a realização da Audiência Pública da ANTT até que seja revisto o estudo da ANTT que impõe o modelo de outorga;

– Não ao Degrau tarifário;

– Menor Tarifa (licitação pelo menor preço e não incluir pagamento de outorga em nenhuma hipótese);

– Transparência absoluta da licitação e execução dos contratos;

– Duplicar de Guarapuava até a Serra;

E TEM MAIS

– Trincheiras em Laranjeiras do Sul;

– Duplicar toda a extensão da Rodovia BR-277;

– Duplicação responsável com trincheiras nas comunidades rurais para não isolar a comunidade rural e distritos;

– Marginais que liguem as cidades;

– Bloqueios nos canteiros centrais.

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Antunes

Jornalista

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