*Reportagem com áudio/Marquezan Araújo/Agência Rádio Mais
Os aparelhos celulares se tornaram uma ferramenta poderosa de comunicação. O dispositivo que chegou ao Brasil na década de 90, se modernizou com o tempo e hoje é indispensável na vida da maioria das pessoas.
Com um smartphone na mão, você pode trabalhar sem sair de casa, acessar qualquer rede social, ler notícias em jornais e inclusive ligar para alguém. É engraçado dizer, mas essa função ainda existe nos aparelhos.
Neste dia dos namorados, assim como no dos últimos anos, os celulares vão ajudar na compra de um presente, na comunicação com a pessoa querida e até na descoberta de uma nova paixão. Mas, esses dispositivos, utilizados sem controle ou de forma exagerada podem ser prejudiciais para qualquer relacionamento.
O barbeiro Wellington Fontenele, de 32 anos, diz que se considera uma pessoa viciada em celular e que há momentos em que é difícil conciliar essa prática com o tempo que tem livre com a namorada dele, a estudante de psicologia, Bruna Bones, de 24 anos. “Atrapalha, porque é uma coisa que eu gosto de fazer no meu tempo vago”, comenta.
“Como no meu trabalho, geralmente, eu não consigo mexer [no smartphone], só consigo fazer isso em intervalos ou no final do dia, quando estou no meu horário vago, tenho que equilibrar essa parte do meu relacionamento com o celular”, afirma Wellington.
Para evitar conflitos e manter um relacionamento saudável, Wellington e a namorada já entenderam que precisam chegar a um acordo. Por isso, o casal decidiu proibir o uso do smartphone em determinadas ocasiões. “Quando saímos para jantar ou jantamos em casa, a gente tem uma regra, que é não poder mexer no celular”, explica.
A interferência do aparelho telefônico também foi prejudicial ao casamento de Camila Vieira, de 22 anos. Ela conta que o marido, Cleyton Vieira, de 23 anos, sofreu um acidente em 2016 e durante o ano em que ficou se recuperando em casa, a prioridade dele era jogar online. “Houve uma época em que a gente quase se separou. Ele chegava do trabalho e não queria nem jantar, só ficava no telefone, jogando”, afirma Camila.
Ela garante que a conversa foi fundamental para que a situação fosse controlada. “A gente conversou muito sobre isso. Ele entende que realmente estava sendo um problema. Agora ele entende que tem momento para jogar e momento para fazer outras coisas”.
DIÁLOGO
A psicoterapeuta Patrícia Del Solar destaca que a avaliação dos prejuízos do uso do smartphone para um casal deve ser feita pelos dois.
“É muito importante que ambos possam se posicionar, que ambos possam colocar como têm avaliado e se sentido frente ao uso do celular. Isso é importante porque, às vezes, eu considero que eu faço um uso moderado, mas o meu companheiro não”.
De acordo com a especialista, as atitudes de conciliação devem ser apresentadas logo que o relacionamento começa a dar sinais de enfraquecimento.
“O primeiro passo é o diálogo sobre o assunto, sentar, ter uma boa conversa sobre como cada um tem se sentido em relação ao uso excessivo do celular, seja o próprio ou do companheiro ou companheira”.
“A partir do momento que a gente compreende melhor o que o outro vive, temos um campo mais favorável à empatia, que é um elemento fundamental. O casal pode combinar que, a partir de determinado horário da noite, nenhum mexe mais no telefone, para que possa existir um momento de qualidade para os dois”, exemplifica.
OUTRAS CONSEQUÊNCIAS
Além das consequências para a vida de um casal, a psicoterapeuta afirma que o uso sem controle do aparelho gera outros prejuízos. “Muitas vezes, a preocupação em ter uma boa foto para fazer um post tira você da experiência daquele momento. Quando você está uma viagem, em um jantar, tendo um momento de lazer, visitando um local bonito, você está fazendo uma experiência que deveria ter como prioridade a vivência do momento, a partilha do que está sendo vivido”, orienta.
No entanto, Patrícia Del Solar ressalta que cada casal conhece a própria realidade. Então, segundo ela, a melhor saída é mesmo a construção conjunta. “Ambos envolvidos no relacionamento, sentarem juntos para conversar e encontrarem estratégias para que o celular não esteja se colocando como empecilho para o aprofundamento do vínculo”.