22/08/2023



Guarapuava Segurança

Caso Avilmar: juíza nega pedido de prisão preventiva de empresário, em Guarapuava

Antonio de Lima Filho está sendo julgado pela morte de Avilmar Cordeiro. Crime ocorreu em fevereiro deste ano, por briga envolvendo terras

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Juíza Carmen Mondin (Foto: RSN/arquivo)

A juíza Carmen Silvania Zolandeck Mondin indeferiu o pedido de prisão preventiva contra Antônio de Lima Filho, acusado de matar Avilmar Cordeiro e tentar tirar a vida de Rogério dos Santos Penteado. Os crimes aconteceram no dia 8 de fevereiro deste ano num terreno na Vila Carli, tendo como pivô um litígio de terra entre Antônio, o Toninho, e Horácio Nicolas Veras, conhecido como Argentino. Avilmar e o enteado Rogério cuidavam da área.

O pedido de prisão preventiva foi solicitado por Giselle Cordeiro, filha de Avilmar, sob o argumento de algumas atitudes de Toninho representariam ameaça e provocação a familiares.

De acordo com a decisão da juíza, Giselle mencionou dois locais onde as supostas intimidações teriam ocorrido: na Igreja onde ambos frequentam e na escola onde estudam os filhos, tanto de Giselle quanto de Toninho.

“Relativamente à Igreja, as declarações retro juntadas, feitas pelo pastor, supervenientes ao pedido de preventiva, de certo modo, esclarecem que os eventuais encontros havidos entre o investigado e a declarante foram poucos e não causaram maiores problemas, não se vislumbrando, na conduta do investigado, atitudes agressivas ou intimidadoras. Com relação à escola, ao que parece, os encontros não foram frequentes, não havendo até o presente momento, comprovação contundente de comportamento agressivo ou ameaçador que possa levar, nesse momento, à decretação da preventiva do investigado”, diz a juíza.

Avilmar Cordeiro tinha 62 anos (Foto: Divulgação)

Além disso, segundo menciona a decisão da juíza, Giselle disse também que o indiciado teria passado em frente a sua residência, a fim de ameaçá-la com um veículo Pajero, não tendo, entretanto, sido juntada foto conforme mencionado nas declarações.

“É de se mencionar, outrossim, que referidas condutas somente foram objeto de registro de boletim de ocorrência após a declarante ter tido contato com o Ministério Público (evento 87.4), tratando-se de alegações genéricas sem indicação precisa de datas e horários. Saliente-se que os demais boletins de ocorrência juntados se referem a fatos anteriores à prática dos fatos ora investigados (eventos 87.5; 87;6). Não se entende, portanto, que o investigado seja dotado de periculosidade a evidenciar a necessidade de sua prisão preventiva, seja devido à ausência de risco para a ordem pública ou aplicação da Lei Penal”.

Para o advogado de defesa de Toninho, o criminalista Marinaldo Rattes, a filha de Avilmar “produziu provas inverídicas, para tentar induzir o juízo a erro, levando inclusive o Ministério Público a pedir a prisão de Antonio”.

Segundo a defesa, está “sacramentado nos autos” que quem desferiu o primeiro disparo foi Avilmar e que Rogério alterou a cena do crime ao esconder a arma que Avilmar utilizou para disparar contra Antônio, sendo que posteriormente, através de filmagens de câmeras de segurança, foi possível localizar a arma, que está apreendida no inquérito.

Arma que teria sido usada por Avilmar (Foto: Divulgação/Justiça)

Esta reportagem tentou contato com a família de Avilmar, porém, sem retorno.

RELEMBRE O CASO

O criminalista Marinaldo Rattes (Foto: RSN)

Após desentendimento por causa da passagem por um terreno localizado na Vila Carli, em 8 de fevereiro deste ano, onde Avilmar Cordeiro e Rogério dos Santos Penteado trabalhavam como seguranças no terreno de Horacio Nicolas Veras. Houve discussão, seguido por agressões físicas com Antônio Lima Filho, o Toninho. Este estaria retirando algumas pedras colocadas na estrada, para a construção de valeta numa faixa de terra que estava sendo demandada entre Toninho e Argentino.

Na época, a família de Avilmar informou que o dono do imóvel cedeu como servidão, sete metros no meio do terreno para dar acesso aos veículos de Toninho, que possui empresa próxima à área, até a BR-277. Porém, o empresário, há tempos, vinha tentando alargar esse espaço para que os carros pudessem cortar trajeto saindo direto na rodovia.

No dia dos crimes, Avilmar construía uma cerca para delimitar o terreno e colocava pedras nos intervalos entre os palanques. O empresário, com numa retroescavadeira, tentou derrubar a cerca, dando início à discussão e a sequência de agressões. Rogério e Toninho lutaram com facões. Na briga, Avilmar foi atingido fatalmente a tiros disparados por Toninho. A defesa sustenta a versão de que o empresário agiu em legítima defesa.

Cristina Esteche

Jornalista

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