22/08/2023
Segurança

Caso Carli Filho: “Não queremos vingança, queremos justiça”, diz Assad

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Agora é certo. O ex-deputado Fernando Carli Filho irá a júri popular pelas mortes dos jovens Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo Almeida, após três anos do acidente ocorrido na madrugada de 7 de maio de 2009, no Bairro Mossunguê, em Curitiba. De acordo com o criminalista Elias Mattar Assad, contratado pela Família Yared como assistente de acusação, o julgamento será no dia 26 de março, uma terça-feira, às 9h30.

Em entrevista concedida à REDE SUL DE NOTÍCIAS, por telefone, na manhã desta quarta-feira (30), o advogado disse que a decisão judicial representa “uma vitória” da luta para que se faça justiça. Assad também afirmou que o ponto mais importante de um processo é a preparação para o júri. “Temos todas as provas necessárias para a acusação, todas as evidências de que Carli Filho dirigia embriagado, com excesso de velocidade, que possuía 130 pontos na Carteira de Habilitação. “Temos imagens dele (Carli Filho) com taça de vinho nas mãos; temos nota que comprova que ele consumiu litros de vinho antes de provocar o acidente; que ele aterrissou o veículo sobre o carro das vítimas quando o sinal ainda estava amarelo”.

Para o advogado, porém, não existe júri ganhou e nem perdido. “O que temos exemplos clássicos de dolo eventual”, observou o criminalista. De acordo com Elias Mattar Assad, o ex-deputado possui amplitude de defesa. “Ele está com um dos melhores escritórios de advocacia do Paraná e acredito que o trabalho no júri será equilibrado para que os jurados possam decidir com isenção. Não queremos vingança, mas queremos justiça”, decretou.

RELEMBRE O CASO
O acidente provocado pelo ex-deputado Fernando Carli Filho, em Curitiba, aconteceu na madrugada de 7 de maio de 2009, no cruzamento das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski, no bairro Mossunguê. Os jovens Gilmar Yared (26) e Carlos Murilo Almeida (20), que estavam num Honda Fit, foram “colhidos” pelo Passat conduzido pelo ex-deputado a uma velocidade comprovada entre 161 e 173 quilômetros por hora, ou seja, entre 168% e 188% a mais que a regulamentada para a via urbana. A perícia confirmou que o guarapuavano dirigia embriagado e que estava com a carteira de habilitação suspensa pelo Detran (Departamento de Trânsito) por diversas multas, muitas delas por excesso de velocidade. Os laudos e perícias embasam parecer da Procuradoria-Geral da República, que opinou que o ex-deputado vai responder por duplo homicídio qualificado, com dolo eventual. A violência do impacto sobre o carro das vítimas foi tão grande que um dos jovens teve a cabeça decepada.

Durante os cerca de três anos de julgamento, a defesa de Carli Filho coordenada pelo jurista Renê Dotti tentou, por várias vezes, amenizar a situação do réu e tentando que o escapasse do júri popular. Embargos de declaração, e a tentativa de mudanças no Código Penal Brasileiro para beneficiar o ex-deputado, pautaram o processo nesse período. Na época, por meio de sua assessoria de imprensa Assad lembrava que o Senado constituiu uma Comissão de Reforma do Código Penal Brasileiro. Entre as propostas está uma nova definição de dolo eventual e previsão de redução de pena de 1/6 a 1/3 para os que assim cometem crimes. Nada de anormal para uma Comissão de Reforma, não fosse também o fato do autor da proposta René Ariel Dotti, ser advogado no caso nacionalmente conhecido do ex-deputado.

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Cristina Esteche

Jornalista

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