22/08/2023
Segurança

Caso Robson: Polícia ainda aguarda laudos da perícia

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Guarapuava – A Polícia Civil de Guarapuava continua à espera dos laudos periciais sobre o assoalho do Ginásio de Esportes Joaquim Prestes para concluir o inquérito que apura a morte do jogador de futsal Robson Rocha (foto). O atleta do Deportivo Guarapuava morreu após dar um carrinho num jogador do Palmeira/Jundiaí, dia 7 de março, e ser atingido por uma lasca de madeira que se desgrudou do piso, perfurando-lhe da virilha até o intestino. Ele faleceu horas depois no Hospital São Vicente de Paulo, de hemorragia intensa.
O inquérito está a cargo da delegada-chefe da 14ª SDP, Maritza Hasse. Ela já ouviu os jogadores do Deportivo e o secretário municipal de Esportes, Pablo Almeida. Não há confirmação oficial, mas é provável que também sejam ouvidos os responsáveis pela empresa que construiu e colocou o piso ¬– um dos questionamentos é a qualidade do material –, pais de crianças que sofreram acidentes idênticos ao de Robson Rocha.
Outra linha a ser investigada são as fartas denúncias de que o ginásio de esportes tem diversas goteiras e outras falhas graves de manutenção. Se este foi um dos problemas de a lasca de madeira se soltar, ou se há infiltração de água por baixo do assoalho (embaixo da laje de concreto passa um rio) ou, ainda, se houve estresse do material, essas dúvidas normalmente são sanadas através do laudo pericial. Para reforçar a diligência, é praxe que todas as pessoas envolvidas sejam ouvidas, principalmente para se chegar à causa e evitar que novos acidentes se repitam.
Maritza Hasse assumiu o comando do caso depois que a morte de Robson ganhou repercussão nacional. A partida era válida pela “Copa 200 Anos”, promovida pela Prefeitura Municipal de Guarapuava. Desde o acidente, o prefeito Fernando Ribas Carli não falou nada a respeito do assunto. Durante os dias que seguiram ao episódio, Carli recebeu passe livre da Câmara para se ausentar do Brasil sem pedir autorização prévia – e em seguida sumiu da cidade. O ginásio foi interditado, por determinação judicial, mas há informações de que o prefeito determinou a substituição do piso, “em caráter de urgência”, para dar continuidade à programação dos “200 anos”.

PALIATIVO OU SOLUÇÃO?
Desde que foi originalmente construído, há mais de 30 anos, o piso do Joaquinzão sempre conviveu com problemas de infiltração. Embaixo da laje há um veio d’água que é controlado por bombas para não atingir a superfície.
Se a umidade decorrente do volume de água no solo do Joaquinzão for apontada como causa, ou uma delas, dos contínuos acidentes registrados e que culminaram com a morte do jogador Robson Rocha, pode estar havendo uma grande precipitação do prefeito Fernando Ribas Carli em realizar a substituição do piso. Um novo material poderá correr o mesmo risco que o atual. Se o motivo não for esse, as teses mais discutidas no meio da população são sobre as goteiras e a qualidade do assoalho, todas remetendo à responsabilidade direta ou indireta da fabricante e colocadora do assoalho ou dos administradores do ginásio, que é a Secretaria Municipal de Esportes e a Prefeitura Municipal.
A hipótese de “fatalidade” perdeu muita força depois que outros casos iguais ao de Robson Rocha foram revelados, entre eles o de um menino de Cascavel, na época com 11 anos, que perfurou a coxa com uma lasca do piso exatamente no mesmo local do acidente do jogador do Deportivo. Ao “Jornal Nacional”, a Prefeitura de Guarapuava declarou que não sabia desse episódio, mas o pai e o menino mostraram o pedaço do assoalho, em formato pontiagudo, e afirmaram, com todas as letras, que avisaram a Administração Carli. Como resposta, receberam a garantia de que haveria uma solução – o que não aconteceu, como restou comprovado com a morte de Robson Rocha.
O Ginásio Joaquim Prestes foi reconstruído e reinaugurado há menos de três anos, no mandato anterior de Fernando Ribas Carli. Pelo que se sabe, o piso, que foi considerado um dos “mais modernos” do Paraná, custou entre R$ 120 mil e R$ 170 mil aos cofres municipais. Hoje está claro que “modernidade” nem sempre combina com “eficiência”. E o prefeito, segundo as informações, pretende repetir o mesmo investimento. A coincidência entre a data de reinauguração do Joaquinzão é que 2006 era época de eleição e agora em 2010, quando a “reforma da reforma” está sendo cogitada, também há interesses políticos em jogo.

Cristina Esteche

Jornalista

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