22/08/2023


Guarapuava Segurança

Mão de obra infantil: mais de 200 crianças e adolescentes são vítimas da exploração, em Guarapuava

Maior incidência está nos distritos de Guará e Palmeirinha. Números foram revelados em relatório divulgado recentemente

Trabalho-Infantil

Dados estatísticos levantados pela Consulta, Seleção e Extração de Informações do CadÚnico (Cecad) mostram que 222 crianças e adolescentes que vivem no interior de Guarapuava são vítimas do trabalho infantil. De acordo com a assistente social e coordenadora do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, Ieda Matilde Guimarães de Almeida, em Guarapuava, a maior incidência está nos distritos de Palmeirinha e Guará e atinge a faixa etária entre oito e 14 anos.

“São crianças que estão vendendo produtos às margens das rodovias, trabalhando na colheita da batata, em fornos de carvão ou na lavoura”.

Como pode ser observado o Dia Mundial contra o trabalho infantil, marcado no calendário como sendo 12 de junho, portanto, ontem, terça feira, no Brasil, a data não vem acompanhada de grandes comemorações. O país, que tem como meta erradicar esse tipo de trabalho até 2025, ainda apresenta mais de 1 milhão de crianças e adolescentes em condições de exploração.

Os dados que confirmam essa realidade fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), divulgada em 2017. Com intuito de trazer mais informações sobre a questão, o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil lançou nessa terça, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, a campanha “Piores Formas: Não Proteger a infância é condenar o futuro”, uma referência às mais degradantes formas de trabalho infantil, entre elas a escravidão, o tráfico de drogas e a exploração sexual.

CAUSAS

A pobreza e a baixa escolaridade das famílias, entretanto, estão entre as principais causas do trabalho infantil no país, e Guarapuava não é uma exceção à regra, segundo a secretária executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPeti), Isa Oliveira.  Segundo ela, atualmente, há no Brasil mais de quatro milhões de crianças e adolescentes trabalhando. Já na na faixa dos cinco a 14 anos, em que a legislação brasileira proíbe qualquer forma de trabalho, o número é de 1,4 milhão.

Entre os fatores para que as crianças permaneçam no trabalho, está o fato de as famílias não considerarem a escola como uma alternativa.

“Principalmente na área rural, há uma grande precariedade educacional, acrescida da precariedade no transporte para que essas crianças cheguem à escola”, lembrou Isa.

Teatro conscientiza em Guarapuava (Foto: Ieda Almeida)Porém, o combate ao trabalho infantil passa também pelo desenvolvimento de políticas sociais, envolvendo saúde, educação, esporte, cultura, lazer, ensino de qualidade, entre outras, que alcancem os mais vulneráveis. Em Guarapuava, segundo Ieda, a Rede Protetora dos Direitos da Criança, envolve todas as secretarias municipais, Fundação Proteger, Conselhos Tutelares, entre outros que, em parceria com os Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), incluindo a unidade volante, desenvolvem projetos que visam fazer com que essas crianças e adolescentes retornem à escola.

Teatro em Guarapuava (Foto: Ieda Almeida)

Uma dessas ações está sendo desenvolvida desde ontem, terça (12), e marca a primeira atividade do Teatro Municipal, após a inauguração. Cerca de duas mil crianças assistirão até a sexta (15) a peça “Criança não trabalha, criança dá trabalho”, com o Circo Teatro Sem Lona.

De acordo com o diretor e produtor Pedro Ochoa, a peça lança mão de personagens das histórias infantis, como a Cigarra e a Formiga, a Gata Borralheira, entre outros, para, de forma lúdica, conscientizar sobre a exploração da mão de infantil, por parte de adultos.

As sessões estão acontecendo às 9h30 e às 14h30, com entrada livre.

Cristina Esteche

Jornalista

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