22/08/2023

Chega de hipocrisia!

Pois é! Todo ano eleitoral é a mesma conversa em forma de crítica. Me refiro  à “herança política” que evidencia sobrenomes já considerados tradicionais nesse cenário tão comum em muitos municípios brasileiros. Neste ano não será diferente e envolve mesmo partidos que teoricamente condenam essa prática.

Para comprovar, basta acessar o DivulgaCand2014, sistema disponibilizado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). São pelo menos 27 sobrenomes famosos no mundo político que se colocam à disposição do eleitorado. Partidos com o PSDB, o PPS, o PT, o PHS, o PMDB, o PP tem candidatos que são filhos, irmãos, sobrinhos ou primos de deputados estaduais e federais, senadores, governador. Em Guarapuava também existe essa “herança” e faz muito tempo. Basta ver que o círculo gira em torno de Mattos Leão, Silvestri, Carli. Kruger já foi.

Certo ou errado? Não quero aqui fazer o papel do “advogado do diabo”, mas entendo esse processo como sendo normal. Se uma família possui tendência para uma vocação nada mais compreensível de que alguém desse meio queira seguir o mesmo caminho. Se há alguém contra, e me refiro ao eleitorado que sempre critica essa continuidade, que dê um basta, quebrando o círculo, ou seja, deixando de votar em quem não contenta. Mas o que presenciamos são resultados bem diferentes dentro daquele chavão de que a teoria é uma e a prática é outra. É esse mesmo eleitorado que mantém os clãs em ascensão. Já ouvi pessoas criticarem essa falta de abertura por parte de grupos políticos locais, mas mesmo ‘descontentes’ estão lá, não só apoiando, como trabalhando para eleger o grupo que critica.

Ora, chega de hipocrisia. Chega de fazer tipo numa roda e sair dela para entrar em outra em defesa dos seus próprios interesses, colocando uma venda nos olhos para fazer de conta que não existe abismo entre a realidade e a fantasia.

Bom, falando em realidade, a Copa acabou e agora a disputa fora do campo. A torcida é para que a democracia continue permitindo que “herdeiros políticos” sejam candidatos, que os chamados clãs continuem, que surjam novas lideranças sem terem contato com o passado político de familiares. Mas que, principalmente, seja permitido que o eleitor se politize e escolha o seu candidato, que pode ter sobrenome famoso, sim. Mas que pesem as suas propostas, a sua trajetória, a sua idoneidade. E isso vale para qualquer candidato, herdeiro ou não!

 

Cristina Esteche

Jornalista

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