22/08/2023
Agronegócio

Chuvas podem afetar qualidade dos grãos no Paraná

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A instabilidade do clima que ainda permanece nas várias regiões do Estado está dificultando a realização de um levantamento de campo mais preciso sobre os impactos nas principais lavouras de grãos com as chuvas que caíram de forma intensa sobre o Paraná entre os dias 13 a 30 de junho.

Técnicos da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento, responsáveis pelas áreas de feijão e milho segunda safra, trigo e café, concluíram nesta terça-feira (09) com a direção do Departamento de Economia Rural (Deral) que ainda não é possível qualificar e quantificar os prejuízos nas lavouras, mas adiantam que há uma preocupação grande com a qualidade dos grãos.

Os técnicos regionais do Deral no Interior foram a campo assim que cessaram as chuvas no início de julho para levantarem os danos causados pelas chuvas. Mas em muitas regiões esses trabalhos foram suspensos com a permanência do clima instável. Segundo o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni, também há uma preocupação com o desempenho das lavouras que estão em fase de conclusão de plantio como trigo e demais lavouras de inverno.

Simioni adianta que técnicos do Deral estão fazendo todos os esforços para apresentar as estimativas de perdas de qualidade e de produtividade mais próximas da realidade. Esse trabalho só pode evoluir com o andamento da colheita de milho, café e feijão e com os tratos culturais de trigo e demais culturas de inverno, explicou.

Segundo Simioni, por enquanto há uma tranquilidade em relação aos preços desses produtos no mercado, o que demonstra que os prejuízos se ocorrerem devem se concentrar mais na qualidade da produção.

O milho está sendo comercializado em torno de R$ 19,50 a R$ 20,00 a saca, o trigo a R$ 41,33 a saca e o feijão preto em torno de R$ 145,60 e o feijão de cor por R$ 155,00 a saca, considerados preços bons e que remuneram os produtores.

Ainda não há indícios de redução da safra de milho segunda safra, cuja estimativa do Deral prevê a colheita de 10,8 milhões de toneladas de grãos. Contudo, as lavouras que estão sendo colhidas apresentam elevado índice de umidade, o que poderá prejudicar a produtividade e elevar os custos ao produtor com a necessidade maior tempo de secagem dos grãos, explicou Simioni.

Segundo ele, na região Noroeste algumas áreas de milho segunda safra foram afetadas por alagamentos do Rio Ivaí. Os grãos que estão chegando nas cooperativas e cerealistas apresentam uma média de 25% a 26% de umidade. “Esse quadro eleva os custos com a limpeza e secagem, que vai impactar no preço recebido pelo produtor”, disse Simioni.

Outro fator que está chamando a atenção é o percentual de grãos ardidos que estão sendo revelados na colheita, em algumas regiões na ordem de 8% a 10% da produtividade esperada, conforme avaliação da assistência técnica.

O café é outra lavoura que estava em ponto de colheita no período da ocorrência das chuvas intensas, prejudicando os frutos. Muitos que estão sendo colhidos agora também apresentam excesso de umidade e de qualidade. A expectativa é que com a normalização do tempo deverá ocorrer redução da umidade naturalmente, o que vai contribuir para diminuir os custos/descontos aos produtores, afirmou o diretor do Deral.

Nas lavouras de trigo, a preocupação é com os tratos culturais nas lavouras que estão em ciclos de desenvolvimento mais adiantados e com possíveis aparecimentos de doenças. E, também, com a conclusão do plantio dos demais cereais de inverno na região Centro Sul do Estado.

O Deral terá um levantamento preciso somente daqui a duas semanas, considerando a possibilidade de melhora do tempo, para que prossigam com normalidade os tratos culturais nos cereais de inverno em diversos estágios de produção (trigo, aveia, cevada, centeio, etc), e os trabalhos de colheita para milho segunda safra, café e feijão 2ª safra.

Cristina Esteche

Jornalista

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