22/08/2023

Clube Rio Branco se torna patrimônio imaterial do Iphan

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Cristina Esteche, com assessoria

O Clube Rio Branco, próprio da cultura negra, em Guarapuava, agora faz parte do patrimônio imaterial do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Para fazer esse registro, estiveram em Guarapuava o historiador do Iphan, Juliano Martins Doberstein, e uma consultora da Unesco.

O registro do Clube Rio Branco faz parte do mapeamento dos clubes sociais negros do Paraná  realizado pelo Iphan, que tem um departamento que trata da preservação do patrimônio cultural imaterial brasileiro. “Quando pensamos no patrimônio imaterial, vemos que a contribuição negra nas práticas artísticas e culturais foi extremamente importante. A expressões culturais eram transmitidas oralmente, não havia documentação, e se não fosse a transmissão oral teriam se perdido”, ressalta Márcia Sant’Anna, diretora do Departamento do Patrimônio Imaterial do Iphan.

Para o prefeito Cesar Silvestri Filho, as marcas culturais da cidade são o reflexo do potencial que Guarapuava possui. “Somos ricos em cultura, temos uma gente hospitaleira e, a cada dia, os novos investimentos reafirmam o novo momento em que vive Guarapuava,” afirmou.

O Clube Rio Branco foi fundado em 1919 por Bento José da Silva e hoje guarda um patrimônio histórico cultural preservado pelo escultor Josoel Freitas, o Tuto, um dos filhos do fundador. “Tenho um grande carinho com o clube devido ao meu pai, pois ele trabalhou muito por ele. Fui aprendendo a dar valor a minha cor, cruzei várias barreiras, mas conquistei o respeito de todos”, disse Tuto.

De acordo com o historiador do Iphan, Juliano Martins Doberstein, o Clube Rio Branco não se destaca apenas pelos objetos de sua história, mas também pela preservação de seus documentos. “Estamos iniciando o mapeamento dos clubes sociais negros e conversando com representantes. A preservação dos documentos do Clube Rio Branco gera um contraste com a situação que encontramos em outros clubes, onde toda documentação acabou se dispersando ou até mesmo se perdendo. Notamos que Seu Tuto está realmente preservando e mantendo tudo muito bem organizado por aqui”.

Para Carlos Eduardo Burkhard, do Departamento de Projetos Culturais do Clube, e filho de Tuto, o registro no Iphan é um reconhecimento pela cultura negra em Guarapuava, além disso, agora, o município também será referência como uma das cidades do Paraná que preservam a memória da sociedade negra. “Por toda história que o Clube Rio Branco possui, me vejo na obrigação de manter as lembranças e não deixar com que se percam”.

O objetivo do Clube Rio Branco, atualmente, transformado em Associação, é oferecer um espaço cultural, social e recreativo, resgatando as raízes da cultura negra. Porém, o Clube não funciona há 10 anos, por uma questão de ação judicial. De acordo com Carlos Eduardo Burkhard, do Departamento de Projetos Culturais do Clube, até o primeiro semestre de 2015 tudo deve estar resolvido. “Com nova diretoria e com parcerias vamos retomar os projetos do Clube Rio Branco”.

Cristina Esteche

Jornalista

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