22/08/2023
Educação

Colégio público tem alta média de aprovação no vestibular

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O estudante Giovanne Vicentin Bertotti foi aprovado em 1º lugar no curso de Matemática da Unicentro.

Portador de uma doença rara, só enxerga parcialmente com um dos olhos
O Colégio Estadual Liane Marta da Costa tem muito a comemorar. Dos 60 alunos do terceiro ano do ensino médio, 19 foram aprovados no vestibular, o que contabiliza uma média de 30% de aprovações. A conquista se deve ao comprometimento dos professores, da equipe pedagógica e dos estudantes. “Não preparamos especificamente para o vestibular, mas com uma educação de base, sempre estimulando projetos e parcerias”, observa a diretora da instituição, Josiane Marques. No ano passado, foram 11 aprovações.
Entre os aprovados, um caso chama a atenção, o de Giovanne Vicentin Bertotti, que passou em primeiro lugar no curso de Matemática da Universidade Estadual do Centro-Oeste, vestibular de verão. Aos 17 anos, ele já passou por nove cirurgias nos olhos e hoje só consegue enxergar um pouco com o olho esquerdo.
Giovanne nasceu com uma doença rara chamada de artrite reumatóide juvenil com complicação na visão. Há quatro anos, durante a realização de uma prova no colégio, ele ficou muito nervoso e teve glaucoma fulminante no olho direito, perdendo totalmente a visão. No ano passado, o glaucoma também afetou o olho esquerdo e agora Giovanne só consegue enxergar um pouco com esse olho. “Consigo ver para andar, mas não consigo detalhar as coisas, principalmente as pequenas, como as letras de um livro. Não dá para definir bem as pessoas, só na TV a visão fica um pouco melhor, por causa da claridade”, conta.
Para concluir o ensino médio, o jovem contou com o apoio da APADEVI (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais), onde faz estágio nos últimos dois anos. “Lá era feito o aumento das letras do meu material didático”, aponta. Para a prova do vestibular, ele contou com o auxílio de ledor e redator da Unicentro, que possui um Programa de Apoio ao Aluno com Necessidades Educacionais Especiais (PAPE). “Eles escreviam com pincel atômico no sulfite. Já a redação foi toda soletrada”. Segundo Giovanne, o resultado do vestibular foi emocionante. “Não estava muito confiante quando terminei as provas, apenas achei que iria passar ao conferir os gabaritos”, diz.
Agora ele já está matriculado e inicia as aulas nesta segunda-feira, 16. Para a cursar Matemática, contará com a ajuda do PAPE e do departamento do curso. Mas para chegar ao ensino superior, o acadêmico superou muitos obstáculos. Devido à deficiência visual, Giovanne não realizava provas, as notas eram garantidas através da realização de trabalhos. Apenas em algumas disciplinas conseguia fazer prova oral. Além disso, a turma do terceiro ano estava acima da capacidade, superlotada, e a conseqüência eram barulhos acima do normal. O quadro apresentava defeitos, o que dificultava a compreensão do aluno.
A mãe, Laisy Vicentin Bertotti, conta que para o vestibular o filho estudava junto com a namorada, que também é deficiente visual, usando programas de computador específicos. Ela, que já é formada em Pedagogia, foi aprovada em terceiro lugar para o curso de Letras. “Gostaria de enfatizar aos adolescentes, principalmente aqueles que não tem problemas, para que se espelhem no caso do Giovanne e não deixem nunca de estudar. Eu morria de medo em pensar na situação do meu filho, não sabia o que aconteceria e hoje eu comemoro a aprovação dele em primeiro lugar”, ressalta.

Cristina Esteche

Jornalista

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