22/08/2023
Agronegócio Cotidiano

Colheita de trigo tem alta produtividade, mas chuva preocupa

Colheita na Região está atrasada (só 25%) e, embora produtividade seja alta, Deral alerta para risco de perda de qualidade. Preço atual não cobre o custo de produção

O preço da saca (R$ 60 a R$ 62) não cobre o custo de produção, que o Deral estadual estimou em R$ 73 (Foto: Gilson Abreu/AEN)

Enquanto o Paraná comemora o avanço da colheita do trigo com produtividade recorde, cenário em Guarapuava é de apreensão. A chuva constante paralisou os trabalhos na Região, que colheu apenas 20% a 25% da área plantada. Embora a produtividade do que saiu do campo seja alta, o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral) alerta que se a chuva persistir a qualidade do restante da safra pode despencar, transformando trigo em “triguilho”.

O boletim estadual do Deral divulgado na última quinta (30) apontava que 83% do trigo paranaense já estava colhido. No entanto, a realidade local é outra. “Nós temos assim uns 20% a 25% da área colhida, é pouco ainda. Essa chuva deu uma paralisada agora”, explica Dirlei Antonio Manfio, técnico do Deral na Região de Guarapuava.

RISCO É A QUALIDADE, NÃO A QUANTIDADE

Manfio confirma que os lotes colhidos antes das chuvas apresentaram “alta produtividade e boa qualidade”. O problema, segundo ele, é o que ficou no campo. “Daqui pra frente, nós podemos colher bastante. Mas não de qualidade. Daí, em vez de trigo, vai ser triguilho, que vira ração.”

Isso porque o grão já está formado, então não há perda de quantidade. O que a chuva contínua faz é estragar o produto. “Aquele [trigo] que o pessoal dissecou, tava pronto pra colher nessa semana, ele começa a perder qualidade agora”, detalha Manfio. Ele ressalta que não há, até o momento, relatos de perdas totais por alagamento, já que os produtores locais evitam plantar o grão em baixadas.

PRODUTIVIDADE ALTA, PREÇO BAIXO

Além do risco climático, o produtor enfrenta um desânimo financeiro. O preço da saca (R$ 60 a R$ 62) não cobre o custo de produção, que o Deral estadual estimou em R$ 73. “Quando o produtor plantou, o preço estava quase R$ 80,00”, lembra Manfio.

Conforme o técnico, o preço do trigo de boa qualidade (panificação) varia de R$ 50 a R$ 62, dependendo da classificação. Se a chuva derrubar a qualidade, o produto vira ração e o preço cai pela metade.

O motivo para os valores baixos é o excesso de oferta no mercado internacional. “Tá dando uma boa safra inclusiva na Argentina, produzindo muito trigo acima do normal deles também. Então, sabe aquela história, quando tem muita oferta o preço despenca”, explica Manfio. Mesmo com uma colheita regional de 150 a 160 sacas por alqueire, o produtor não está conseguindo cobrir o custo.

SAFRA DE VERÃO

Enquanto o trigo sofre com a chuva, o plantio da safra de verão avança com mudanças. A área de milho cresceu significativamente na região, já estando quase toda plantada. Segundo Manfio, o milho ocupou áreas que antes eram da soja, e a soja avançou sobre áreas que eram do feijão. Já o plantio da soja está mais lento, com cerca de 30% da área semeada. “O melhor período para plantio seria esse mês, mas tem que ver a chuva”, finaliza.

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Thiago de Oliveira

Jornalista

Jornalista formado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. @tdolvr

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